Falso morto: condenado por corrupção pagou R$ 45 mil por atestado de óbito fajuto para escapar da prisão

Por Dentro De Tudo:

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Uma operação policial no sul da Bahia resultou na prisão de Arnaldo Augusto Pereira, ex-auditor fiscal da Prefeitura de São Paulo, na última quarta-feira, 15 de outubro. Desde 2021, ele residia em Mucuri enquanto respondia a processos por corrupção. A equipe do programa Fantástico acompanhou a ação que levou à captura de Arnaldo.

Arnaldo foi subsecretário de arrecadação da capital paulista entre 2007 e 2009 e, segundo as investigações, teria recebido cerca de R$ 5 milhões de fiscais que cobravam propina de construtoras. O esquema, conhecido como a Máfia dos Fiscais do ISS, foi descoberto em 2013 e movimentou aproximadamente R$ 1 bilhão. Arnaldo também foi acusado de receber mais de R$ 1 milhão em propina em 2012, quando atuava como secretário de Planejamento em Santo André, no ABC paulista, para liberar a construção de um condomínio residencial.

Com um histórico de condenações que totaliza 43 anos de prisão, Arnaldo estava em liberdade, pois ainda cabiam recursos em seus processos. As condenações incluem 23 anos no caso da Máfia do ISS, 13 anos pelo caso de propina em Santo André e 7 anos por lavagem de dinheiro, também em Santo André. Em um momento de desespero, Arnaldo elaborou um plano para forjar sua própria morte e escapar da prisão. Ele viajou cerca de 13 horas de Mucuri até Salvador para obter uma certidão de óbito falsa, pagando R$ 45 mil por um documento que parecia legítimo.

O atestado foi enviado por um advogado ao Superior Tribunal de Justiça (STJ), que determinou a extinção da punição de Arnaldo no caso da propina em Santo André. No entanto, promotores de São Paulo começaram a desconfiar da morte repentina, pois a certidão indicava que a morte ocorreu em uma casa simples em Salvador, incompatível com o padrão de vida de Arnaldo. Além disso, ele tinha autorização judicial para residir em Mucuri, e o local do suposto enterro em Cachoeira, na Bahia, não apresentava vínculos com ele.

A polícia descobriu que Arnaldo havia mudado de endereço em Mucuri e, após uma investigação, conseguiu localizá-lo. Quando percebeu a presença da polícia, tentou fugir, mas foi capturado. Arnaldo admitiu que se sentia constrangido, mas afirmou que não poderia negar sua situação. Ele também utilizou a certidão de óbito em processos de sequestro de bens, com o intuito de recuperar patrimônio sequestrado.

O STJ informou que analisará o caso para reverter a extinção da punibilidade de Arnaldo. Seus advogados anteriores deixaram o caso, e ele já conta com uma nova defesa. Arnaldo agora enfrenta a acusação de falsificação de documento, um novo crime para quem tentou enganar a Justiça se fazendo de morto.

Crédito da foto: Felipe Rau/Estadão Conteúdo. Fonte: g1.

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