A fase 1 de testes em humanos da SpiN-Tec, primeira vacina 100% brasileira contra a Covid-19, desenvolvida pela Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), indica que ela é segura e induz uma resposta imunológica nos vacinados.
Ao todo, 38 pessoas participaram dos testes na primeira etapa – todas saudáveis, com idade entre 18 e 54 anos. A maioria dos eventos adversos detectados tinha sido prevista e foi leve ou moderada.
“O principal parâmetro testado foi segurança, e a vacina se mostrou segura. O outro parâmetro analisado foi uma resposta imunológica. Ainda é um resultado muito preliminar, mas a vacina se mostrou também imunogênica […], o que é sinal verde para ela passar para as próximas fases de desenvolvimento clínico”, afirmou o coordenador dos testes clínicos da SpiN-TEC e pesquisador do CTVacinas, Helton Santiago.
A expectativa é que a fase 2 dos testes clínicos comece em agosto, com participação de 360 voluntários. Já os estudos de fase 3 devem ser iniciados em 2024, com testes em aproximadamente 4 mil pessoas. A previsão é que a vacina seja disponibilizada em 2025.
Segundo o professor, um dos principais diferenciais da SpiN-Tec em relação aos outros imunizantes contra a Covid-19 é que ela privilegia a imunidade celular, o que, conforme os estudos têm demonstrado, a torna eficaz para todas as variantes. Isso é possível porque a vacina dá ênfase a regiões mais “conservadas” do vírus, como a proteína N.
“Todas as outras vacinas dão ênfase à imunidade humoral, de induzir anticorpos neutralizantes. […] Entretanto, a gente tem observado que esse vírus tem uma evolução muito rápida, novas variantes estão surgindo, as vacinas precisam de atualização muito rápida, e é um desafio para a ciência fazer essas atualizações”, explicou Santiago.
De acordo com o professor, o fato de a SpiN-Tec ser uma vacina 100% brasileira, com todo o processo desenvolvido no país, pode facilitar o desenvolvimento de novos imunizantes nacionais no futuro.
“É uma vacina que tem ensinado à ciência brasileira a fazer um percurso que nunca havia sido feito antes 100% no Brasil. […] A gente aprendeu onde estão os gargalos da ciência brasileira de inovar na área biomédica, e essa vacina está ensinando a gente a resolver esses gargalos. Então, as próximas vacinas que vierem vão achar uma avenida bem melhor construída para seguir um caminho até chegar de fato às prateleiras das farmácias”, afirmou.
Fonte: Globo Minas.