Uma moradora da Penha, no Rio de Janeiro, foi presa durante a megaoperação policial contra o Comando Vermelho (CV), realizada no último dia 28 de outubro, após se recusar a permitir a entrada de agentes em sua casa sem mandado judicial e transmitir ao vivo a ação pela internet.
A mulher, faxineira e mãe de um menino de seis anos, foi acusada de desacato e associação ao tráfico, segundo denúncia do Ministério Público do Estado do Rio de Janeiro (MPRJ). Ela foi libertada posteriormente, mas continua respondendo ao processo.
De acordo com a versão apresentada pela defesa e por familiares, a moradora tentou impedir a entrada dos policiais afirmando que no imóvel havia apenas mulheres e crianças. A mãe relatou que a filha teria dito aos agentes:
“O trabalho de vocês é aí fora, não aqui dentro.”
Mesmo com o pedido, os policiais invadiram o local e arrombaram o portão, segundo o relato. A família afirma que houve uso de força e spray de pimenta, e que uma criança de dois anos passou mal após a ação.
O Ministério Público sustenta que os policiais buscavam abrigo contra disparos e que a transmissão ao vivo feita pela moradora teria exposto a localização da equipe, colocando os agentes em risco. Além disso, o MP citou que a mulher teria visitado, em outro momento, uma pessoa presa por tráfico de drogas.
Para especialistas, porém, as acusações são exageradas e juridicamente frágeis.
O professor de direito penal da FGV Rio, Thiago Bottino, afirmou que a conduta da moradora “não caracteriza associação estável ao tráfico” e que o simples ato de filmar uma operação policial não é crime.
“O cidadão pode filmar qualquer coisa que esteja acontecendo no espaço público — e mais ainda algo que esteja acontecendo dentro da sua própria casa”, explicou Bottino.
A Defensoria Pública do Rio de Janeiro também considerou a denúncia “especulativa e desproporcional”, ressaltando que a filmagem tinha como objetivo proteger os moradores e registrar os fatos.
O caso será encaminhado à 5ª Vara Criminal da Capital, onde um promotor de Justiça decidirá se apresenta denúncia formal, solicita novas diligências ou arquiva o processo.
A megaoperação do dia 28 — a mais letal da história do país — resultou em 121 mortes, incluindo quatro policiais, e segue sob investigação do Supremo Tribunal Federal (STF), que determinou a preservação das provas.
📸 Crédito da foto: Reuters
Fonte: G1 / BBC News Brasil
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