Embora a febre maculosa seja uma doença grave e com alta letalidade, tendo em vista que oito das 17 pessoas infectadas no Estado de São Paulo em 2023 morreram, incluindo os quatro óbitos na Fazenda Santa Margarida, na região de Campinas, há formas de se prevenir e evitar a doença provocada pela bactéria do gênero Rickettsia, transmitida principalmente pela picada do carrapato-estrela, comum no Cerrado e em áreas degradadas da Mata Atlântica.
A primeira preocupação é evitar transitar em locais com mato alto e beira de rios. Mas se a pessoa não tiver outra opção, é fundamental ter cuidado com o tipo de roupa usada nesses ambientes. “Sempre que você for em alguma região de mato ou cachoeiras, prefira blusas com mangas longas e calças compridas. E evite roupas finas e malhas abertas porque o carrapato pode passar por elas”, alerta o médico infectologista Marcelo Otsuka. Calçados fechados são outra forma de prevenção.
Outra forma eficaz de evitar a contaminação pela febre maculosa é o uso de repelentes. Mas é importante escolher o tipo certo, pois há vários modelos no mercado. “Os repelentes à base de DEET (N,N-dimetil-meta-toluamida) conseguem, de alguma forma, reduzir bastante as picadas dos carrapatos”, afirma Otsuka.
O tempo estimado de ação desses repelentes é de 2h a 8h, variando de acordo com a concentração (5% a 30%). Mas é importante ressaltar que o produto não é recomendável para crianças menores de 2 anos. No caso de crianças de 2 a 12 anos, a concentração não deve ultrapassar os 10% e a aplicação deve ocorrer até três vezes por dia, no máximo. Repelentes com concentração acima de 10% são permitidos para crianças acima de 12 anos e também não apresentam riscos para gestantes.
Infecção não ocorre imediatamente
A infecção pelo carrapato só ocorre se ele ficar fixado na pele da pessoa por pelo menos 4 horas. Por isso, é importante verificar a todo momento se há algum preso no corpo. Peças de roupas claras também ajudam as pessoas a perceberem a presença dos carrapatos.
“O período de incubação – intervalo entre a data do primeiro contato com a bactéria até o início dos sintomas – da febre maculosa é de 2 a 14 dias. Portanto, é essencial considerar as exposições ocorridas nos últimos 15 dias antecedentes ao início dos sintomas”, diz uma nota de alerta da Unicamp.
Principais Sintomas
Os principais sintomas da febre maculosa são febre alta e súbita, dores de cabeça, abdominal e muscular, além de manchas vermelhas no corpo. Também pode haver erupções no local da picada do carrapato.
O que fazer?
Ao notar os sintomas, procure atendimento médico imediatamente. O paciente também deve informar ao médico caso esteve em uma região afetada para evitar o agravamento do quadro.
Momento demanda atenção
A atual época demanda maior cuidado, já que “entre junho e novembro, a infestação ambiental por ninfas de carrapato-estrela é alta (o ciclo de vida do carrapato inclui as seguintes fases: ovo – larva – ninfa e adulto)”, segundo a nota da Unicamp.
“O carrapato grande você consegue perceber. O problema é o pequenininho, que você não percebe, às vezes fica no meio de pêlos. Por isso é importante cobrir bem o corpo”, explica o médico infectologista Marcelo Otsuka.
Carrapato deve ser retirado com cuidado
A forma como o carrapato é retirado do corpo faz toda a diferença, segundo o infectologista. “A gente fala que não pode estressar o carrapato, senão ele solta mais saliva com a bactéria. E se você esmaga o carrapato, ele também pode transmitir muito mais bactérias. O ideal é usar uma pinça para retirá-lo, pois você consegue pegar pelo ferrão e puxar. A outra possibilidade é pegar o carrapato com a pinça e girá-lo. Isto faz com que ele às vezes solte o ferrão. Mas é importante retirá-lo o mais rápido possível”, ensina.
Mais uma forma de retirar o carrapato com menos riscos é colocar uma bucha de algodão com álcool sobre o local e esperar que ele “desgrude” sozinho da pele. É mais um método seguro, pois caso o ferrão fique no local, pode causar uma infecção e piorar ainda mais a situação.
Prevenção em cães e gatos
Se não há um remédio com eficácia comprovada para prevenir carrapatos em seres humanos, além dos repelentes, a situação é diferente para os pets.
Diversos medicamentos evitam que cães e gatos sejam picados, como Bravecto, Nexgard e Simparic. As coleiras antipulgas e carrapatos também ajudam na prevenção.
Casos em São Paulo
Até esta sexta-feira (16), foram registrados 17 casos de febre maculosa no Estado de São Paulo em 2023, com oito óbitos, incluindo os quatro confirmados de pacientes que estiveram no mesmo evento, na Fazenda Santa Margarida, na região de Campinas.
Em 2022, foram 63 casos, com 44 mortes confirmadas. Já em 2021, 87 pessoas foram infectadas e 48 morreram.
Fonte: O Tempo.