A chegada de mais um feriado prolongado e a circulação de variantes do coronavírus, mais contagiosas, preocupa autoridades de saúde que já trabalham com a possibilidade de um novo recrudescimento de casos de Covid-19 em Minas Gerais.
Os leitos de UTI Covid do estado, que beiram 80% de ocupação, podem rapidamente chegar ao colapso. Quatro regiões de saúde do estado já estão com estas estruturas pressionadas. É o caso da Região Triângulo do Sul, que tem taxa de ocupação de leitos de UTI Covid em 90%; Região Sul, com 93%; Oeste, com 94% e Centro-Sul, com 92%.
Em entrevista, o secretário de Estado de Saúde, Fábio Baccheretti, disse que, apesar de ter sido identificado um caso confirmado da cepa indiana em Juiz de Fora, o que preocupa, neste momento, ainda é a circulação da cepa de Manaus, extremamente contagiosa e já verificada em parte dos casos confirmados de Covid-19.
“O único caso da cepa indiana em Minas foi muito bem reconhecido e todos os contatos acompanhados. O que nos preocupa é a própria cepa de Manaus, altamente infectante e que está circulando muito. Mais um feriado em que as medidas sanitárias, distanciamento social são muitas vezes esquecidas, especialmente em encontro de núcleos familiares, que faz com que o vírus circule mais rapidamente. Depois passa a circular no trabalho, no transporte público”, afirmou.
Com o aumento no número de casos, será inevitável o crescimento de internações, alerta o secretário. E o que mais preocupa: cerca de 30% dos pacientes internados com Covid-19 podem ter o quadro agravado e precisar de transferência para as UTIs. Atualmente, há 2.610 pacientes internados em terapia intensiva. O número, que já é alto, pode apresentar um crescimento exponencial repentino com aumento da circulação de pessoas, acrescenta Baccheretti.
“As internações estão voltando a subir e o óbito vai voltar a sofrer aumento dentro de duas a três semanas. Estamos com sistema de saúde em regiões ainda cheio. São regiões que não conseguiram reduzir com fim do pico alto em abril, como Oeste e Sul de Minas, que ainda têm aumento de ocupação e que não temos gordura de leitos para acomodar aumento de casos”.
O infectologista que participa do Comitê de Enfrentamento à Covid-19 de Belo Horizonte, Estevão Urbano, também teme que o feriado vá impactar na capital, especialmente por causa da circulação de cepas mais agressivas e contagiosas. A taxa de ocupação de leitos de UTI chegou aos 80% nesta segunda-feira (31).
“Nós estamos com taxa de transmissão alta, estabilizados num platô muito acima, com cepas variantes, mais agressivas, mais transmissíveis, incluindo a indiana, tem um caldo em que há todos os ingredientes para fazer tudo explodir de novo. Se já está alto, daqui a pouco é colapso.”, disse.