A Dura Realidade de Conciliar Trabalho e Cuidado Infantil Durante o Recesso Escolar
Com as férias escolares se aproximando, muitas crianças e adolescentes aguardam ansiosamente pelo período de descanso. No entanto, para os pais, especialmente aqueles sem uma rede de apoio, esse período pode ser fonte de grande estresse e desafios logísticos.
Relatos de Pais
Tatiana Auxiliadora, administradora hospitalar e mãe de Sophia, de 8 anos, descreve as férias escolares como um “período de desespero”. Comumente, os pais precisam encontrar soluções para cuidar dos filhos enquanto continuam trabalhando. Tatiana optou por inscrever sua filha em uma colônia de férias, uma alternativa que muitos pais consideram.
Ana Paula Aleixo, de 44 anos, já utilizou colônias de férias no passado, mas desta vez planeja trazer sua sogra de outra cidade para cuidar de seu filho Liam, de 5 anos. “É sempre um custo maior. Em julho, ele está de férias, mas eu tenho que pagar a escola normal. Além disso, tem os custos de trazer a minha sogra e dos passeios, porque você não vai ficar o tempo todo dentro de um apartamento com uma criança de 5 anos”, explica Ana Paula.
Daniela Macena, advogada e mãe de Maya, de 4 anos, compartilha uma experiência semelhante. “Minha mãe me ajuda, mas a sobrecarga é toda minha e, nas férias, aumenta ainda mais. Eu trabalho em home office, e ela me chama o tempo inteiro. E tenho que achar programação nas férias. É bem puxado”, comenta Daniela.
Proposta de Solução
Diante dessas dificuldades, a educadora Sara Vitral, formada em administração pública pela Fundação João Pinheiro, propôs um projeto para utilizar escolas e espaços públicos como suporte durante o recesso. “Quando as escolas fecham, os pais continuam trabalhando. Conversando com muita gente nessa situação, percebi que muitos não têm rede de apoio e não têm com quem deixar as crianças”, comenta Sara.
Plano de Férias
O projeto de Sara, que atua no Conselho Estadual de Educação (CEE) como coordenadora de ações estratégicas, será apresentado à Prefeitura de Belo Horizonte. A ideia é adaptar espaços públicos para receber crianças e adolescentes durante o recesso, proporcionando um ambiente seguro e lúdico. “No caso dos menores, seria interessante manter as creches abertas, porque os prédios já têm a estrutura mais adequada”, explica Sara.
Sara enfatiza que o objetivo não é sobrecarregar os professores, mas sim contratar monitores capacitados para cuidar das crianças, oferecendo atividades variadas. “É uma forma de evitar riscos de acidentes, uma vez que muitos pais podem acabar deixando os filhos mais velhos cuidando dos mais novos”, ressalta.
Critérios e Prioridades
Os critérios para acesso ao plano de férias com suporte público ainda precisam ser definidos. No entanto, a prioridade deve ser dada às famílias em situação de vulnerabilidade, possivelmente utilizando dados de cadastros sociais.
Enquanto as crianças aguardam ansiosas pelas férias, muitos pais enfrentam o desafio de equilibrar trabalho e cuidado infantil. Projetos como o proposto por Sara Vitral podem oferecer uma solução, proporcionando um ambiente seguro e enriquecedor para as crianças, aliviando ao mesmo tempo a carga dos pais.