Fetiche x abuso: qual o limite do desejo?

Por Dentro De Tudo:

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No contexto das relações afetivas e sexuais, a linha entre fetiche e abuso pode ser tênue e difícil de distinguir, especialmente quando o consentimento e a comunicação não são claras. O BDSM, por exemplo, é um conjunto de práticas eróticas baseadas em princípios como consentimento, segurança e comunicação, buscando garantir que todos os envolvidos participem de maneira consensual e prazerosa. No entanto, a manipulação emocional e o controle são sinais de uma relação abusiva.

Recentemente, um relato em um aplicativo de gestantes ilustra um exemplo de comportamento manipulativo, onde uma mulher grávida de 6 meses foi convencida pelo marido a participar de uma prática sexual desconfortável, com outros homens, em uma casa de swing, apenas para satisfazer o fetiche dele. Apesar de não se sentir bem com a situação, ela temia perder o parceiro e cedia aos seus desejos.

Segundo especialistas, a diferença entre fetiche e abuso está no consentimento. O fetiche envolve o desejo e a excitação sexual por situações ou objetos atípicos, desde que realizado de forma consensual e segura. Já a agressão ou abuso ocorre quando há uma violação dos limites físicos, emocionais e psicológicos, sem o devido consentimento.

O psicólogo e neuropsicólogo Eduardo Oliveira destaca que o consentimento deve ser esclarecido, com todos os envolvidos cientes dos riscos e com a liberdade de mudar de ideia a qualquer momento. Ele alerta que a falta de clareza sobre os limites pode resultar em manipulação. A psicóloga Tatiana Freitas Wandekoken também destaca que a violência psicológica, que muitas vezes precede outras formas de abuso, pode ser difícil de identificar, mas é essencial observar sinais de manipulação emocional, controle e isolamento.

As práticas de BDSM, quando feitas de forma segura e consensual, têm regras claras para evitar o abuso. A instrutora de práticas BDSM, Lunna Queen, explica que a comunicação aberta sobre desejos, limites e a palavra de segurança são fundamentais para garantir que as sessões ocorram de maneira saudável. Se a pessoa mudar de ideia durante a prática, pode interromper a atividade a qualquer momento.

Fonte: O TEMPO

Crédito da foto: nd3000/iStockphoto