O fim do auxílio emergencial e a falta do Auxílio Brasil têm potencial para afetar a renda não só dos que dependem diretamente dele, mas a recuperação econômica de todo o país, avaliam os pesquisadores. Estudo do Centro de Pesquisa em Macroeconomia das Desigualdades, da Faculdade de Economia, Administração e Contabilidade da Universidade de São Paulo (USP) mostra que, sem o auxílio em 2020, o Produto Interno Bruto (PIB) do país poderia ter caído quase quatro vezes mais, por exemplo.
“O auxílio emergencial ajudava a sustentar a economia do país, é o ciclo virtuoso da transferência de renda conhecido desde o Bolsa Família. Agora, aquele supermercado que vendia para o público do auxílio, por exemplo, vai perder o cliente da noite para o dia”, diz o presidente da Rede Brasileira de Renda Básica, Leandro Ferreira.
O coordenador do Observatório das Desigualdades da Fundação João Pinheiro (FJP), Bruno Lazzarotti, avalia que a recuperação da economia após a pandemia será significativamente afetada. “Vamos ter uma queda na capacidade de consumo, então menor demanda e, portanto, menos emprego, e por aí afora. Essa recuperação, que já era claudicante, será atingida”, pondera.
Na perspectiva de Ferreira, da Rede Brasileira de Renda Básica, o foco do governo deveria estar no refinamento do Bolsa Família, zerando a fila do programa e aumentando progressivamente o público assistido, em vez de na criação de um novo auxílio. “O Auxílio Brasil vem de uma Medida Provisória que ainda está em tramitação, e há tempo de corrigir essa situação”, conclui.
Cerca de 34,4 milhões de pessoas em todo o Brasil atenderam aos critérios para receber o auxílio emergencial do começo ao final do programa, de acordo com o Ministério da Cidadania. Dessas, 9,3 milhões recebiam o Bolsa Família e irão automaticamente receber o Auxílio Brasil, enquanto outras 4,5 milhões estavam no Cadastro Único (CadÚnico) e, em algumas situações, também poderão ter acesso ao novo repasse. Neste mês, 14,5 milhões de famílias recebem o auxílio, total que chegará a 17 milhões em dezembro, 49,4% dos que recebiam a verba emergencial, de acordo com o ministério. O cálculo da Rede Brasileira de Renda Básica considera mais desassistidos porque também leva em conta famílias que receberam o auxílio emergencial apenas em alguns períodos de 2021.
Fonte: G1.