O auxílio emergencial está chegando ao fim sem que o governo federal tenha conseguido tirar do papel o plano de criar um novo programa social para substituir a renda extra criada para amenizar os efeitos da pandemia. Por isso, milhões de brasileiros que dependem atualmente dos R$ 300 para sobreviver já estão sem saber como vão pagar as contas do próximo mês, visto que o desemprego continua elevado e o novo coronavírus ainda limita o trabalho de muitos informais.
Economistas já projetam avanço da pobreza, aumento do desemprego e desaceleração do crescimento econômico brasileiro no início de 2021. Para quem depende do rendimento emergencial, o desespero começou a ser percebido nos últimos dias, quando filas voltaram a se formar nas agências da Caixa Econômica Federal nos dias de depósito do auxílio emergencial. Entre as famílias que recebem o benefício, 36% não têm outra fonte de renda, segundo pesquisa Datafolha publicada nessa segunda-feira (21).
O governo federal tem afirmado que outros fatores vão compensar a retirada do auxílio emergencial na economia. No dia em que o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) informou que o PIB do Brasil cresceu 7,7% no terceiro trimestre, por exemplo, a Secretaria de Política Econômica (SPE) do Ministério da Economia disse que “a retomada da atividade e do emprego, que ocorreu nos últimos meses, compensará a redução dos auxílios.
Economista e pesquisador do Instituto Brasileiro de Economia da Fundação Getulio Vargas (FGV/Ibre), Daniel Duque calcula que a extrema pobreza, que já atinge 13,6 milhões de brasileiros, vai crescer e pode até dobrar no início de 2021. “O fim do auxílio emergencial vai colocar mais cinco milhões de pessoas na pobreza e na extrema pobreza em relação ao período anterior da pandemia, porque o mercado de trabalho ainda está longe de se recuperar, principalmente para a população informal”, explica.
Duque calcula que a extrema pobreza, que considera as pessoas que vivem com menos de US$ 1,90 por dia, atingia 6,9% da população brasileira em 2019 e caiu para 3,3% em meio à pandemia, devido ao auxílio emergencial. Porém, pode alcançar algo em torno de 10% a 15% dos brasileiros no próximo ano, atingindo mais de 20 milhões de pessoas.
Calendário final
» Neste último mês de pagamento, os beneficiários do programa receberão os R$ 300 até o dia 29
» Quem nasceu entre janeiro e outubro, receberá até sexta-feira, 25
» Os demais pagamentos serão realizados no dia 28
» Para quem nasceu em novembro, no dia 29
Fonte: Estado de Minas.