Os municípios mineradores de Minas Gerais estão apostando na diversificação econômica como estratégia para reduzir a dependência da mineração e assegurar a sobrevivência econômica após a exaustão das jazidas de minério de ferro, prevista para ocorrer em aproximadamente 40 anos.
Em 2023, as cidades mineiras foram as maiores receptoras de royalties da mineração no Brasil, somando R$ 3,1 bilhões. Em muitas dessas cidades, a geração de emprego e renda está intimamente ligada ao setor mineral.
São Gonçalo do Rio Abaixo
Na semana passada, São Gonçalo do Rio Abaixo, na Região Central do estado, lançou um projeto para atrair empresas de outros setores. Atualmente, cerca de 90% da economia do município depende da mineração, segundo dados da prefeitura. Em 2022, a cidade, com menos de 12 mil habitantes e o terceiro maior PIB per capita do Brasil, recebeu R$ 113 milhões da Compensação Financeira pela Exploração Mineral (Cfem).
O projeto Prospera+ prevê incentivos como a destinação de áreas públicas para empreendimentos de médio e grande portes, capacitação de mão de obra e a criação de um fundo para reduzir custos para as empresas.
“Não é que o minério já esteja exaurido, mas tem um tempo para que isso aconteça, e nós temos que pensar no futuro das gerações. Hoje, somos 90% dependentes da mineração. Temos que pensar em formas de o município sobreviver depois dela”, afirmou o prefeito Raimundo Nonato de Barcelos (PDT).
Exaustão Mineral
Segundo Waldir Salvador, consultor da Associação dos Municípios Mineradores de Minas Gerais (Amig), é essencial que todas as cidades mineradoras invistam na diversificação econômica. “A mineração tem uma cronologia definida. Todos os municípios mineradores estão caminhando para a exaustão mineral. Se a cidade não investir em diversificação, vai quebrar no futuro”, explicou Salvador.
Itabira
Itabira, na Região Central de Minas Gerais, enfrenta uma situação crítica. A cidade, onde a Vale foi fundada na década de 1940, tem previsão de manutenção das atividades mineradoras por apenas mais 17 anos. Atualmente, mais de 80% da receita de Itabira está direta ou indiretamente ligada à mineração, e a cidade arrecadou R$ 98,1 milhões com a Cfem neste ano.
Para enfrentar o futuro, Itabira lançou o programa Itabira Sustentável, que inclui mais de 60 projetos, como a transposição do Rio Tanque para garantir água para as próximas décadas, fábricas sociais para a produção de uniformes, fraldas e absorventes, requalificação do Centro Histórico e a construção de um novo Distrito Industrial.
Barão de Cocais
Barão de Cocais, outra cidade mineradora na Região Central de Minas Gerais, já sente os impactos da paralisação de uma usina ligada à atividade. Em maio, a Gerdau implementou a “hibernação” de sua unidade no município, resultando na demissão de mais de 400 pessoas. A siderúrgica justificou a medida pela insuficiência da produção de minério de ferro e custos elevados de matérias-primas, além de um nível menor de atualização tecnológica da usina.
A prefeitura de Barão de Cocais destaca que o impacto financeiro será sentido a longo prazo, mas os sociais são imediatos, com a perda de empregos diretos e indiretos e a queda na arrecadação de impostos.
A diversificação econômica é vista como a principal estratégia para garantir a sustentabilidade e a prosperidade das cidades mineradoras de Minas Gerais após o fim da mineração.
Fonte: Globo Minas. Imagem: Minério de ferro. Fonte: Canva.