Crianças com idades entre 1 e 9 anos são o grupo de maior incidência de internações pela síndrome respiratória aguda grave (SRAG) em Belo Horizonte, aponta boletim epidemiológico da Secretaria Municipal de Saúde. O dado acende um alerta para os pais, já que a faixa etária inclui os menores de 5 anos, que ainda não podem receber a vacina contra a COVID-19, uma das doenças que podem disparar o quadro.
De acordo com a Secretaria Municipal de Saúde, entre janeiro e maio deste ano foram notificados 1.358 casos de SRAG em crianças de até 12 anos. Os dados são parciais até ontem (17/5), porém o número já é 3,8% maior do que os 1.308 casos registrados em igual período do ano passado, considerando os 31 dias de maio. A queda nas temperaturas já verificada nesta semana e a proximidade do inverno, que começa em 21 de junho, preocupam os pais.
Nos dias mais frios, as pessoas costumam passar mais tempo em ambientes fechados e com pouca ventilação, o que favorece a transmissão de do- enças respiratórias. Segundo o infectologista Alexandre Sampaio Moura, da Santa Casa de Belo Horizonte, o aumento de outras viroses e resfriados podem mascarar casos de COVID-19. “Não tem como diferenciar baseado nos sintomas. As pessoas precisam reforçar os cuidados neste período e, caso apresentem sintomas, fazer o exame para confirmar se é ou não COVID-19”, afirma.
A Secretaria Municipal de Saúde informou que as unidades de pronto-atendimento (UPAs) já apresentam uma procura maior por atendimento, principalmente para questões respiratórias. A expressão SRAG designa um conjunto de sintomas, quando o paciente apresenta febre, tosse seca, dor de cabeça, dores musculares e dificuldade para respirar, entre outros. Diversas doenças respiratórias podem evoluir para um quadro de síndrome aguda grave, como pneumonia, asma, influenza (gripe) e a própria COVID-19.
Com a volta às aulas, escolas têm notado aumento nos casos de gripes e resfriados entre as crianças. Em entrevista ao jornal Estado de Minas, o Sindicato dos Trabalhadores em Educação da Rede Pública Municipal de Belo Horizonte (Sind-Rede-BH) confirmou ter recebido relatos de aumento de algumas doenças respiratórias, porém nada que caracterize um surto. A ocorrência, segundo eles, é comum nesta época do ano e acontece também entre os funcionários.
As doenças respiratórias exigem atenção redobrada no outono e, principalmente, no inverno. Para Moura, a perspectiva para este período não é boa. “Nós já estamos acompanhando centros de saúde lotados. A COVID-19 passou a ser mais uma dessas viroses com as quais temos que tomar cuidado no inverno. É importante seguir mantendo distanciamento, lavar as mãos e usar máscara”, avalia. A vacina, segundo ele, é a principal forma de prevenção e nesse ponto a imunização contra a gripe também deve ser destacada. “Cada um tem que fazer sua parte, e ter consciência do risco que se oferece às pessoas mais vulneráveis, como crianças e idosos”, disse.
Bem longe da meta, a cobertura vacinal contra a gripe está em 26,9%do público-alvo em Belo Horizonte, conforme aponta boletim da Secretária Municipal de Saúde divulgado na quarta-feira passada (11/5). No caso da vacina contra a COVID-19, 80,5% das 193.192 crianças de 5 a 11 anos que compõem o grupo tomaram a primeira dose do imunizante e 52,3% já completaram o esquema vacinal de duas injeções. Na faixa etária de 12 anos ou mais, 99,4% do moradores de BH tomaram duas doses, 77,2% receberam o reforço e 25,9% também a injeção adicional (quarta dose), de acordo com o boletim epidemiológico da prefeitura divulgado ontem. “Quanto mais pessoas vacinadas, menos internações nós teremos. Isso não quer dizer que não é preciso se cuidar. Ambas as vacinas, gripe e COVID-19, são fundamentais para garantir a saúde da população”, complementa.