Desde 2012, uma mulher soteropolitana compartilhou na internet relatos de perseguição e sofrimento físico atribuídos ao uso de “armas psicotrônicas” por traficantes locais. Acreditando ser alvo de um complô invisível, ela encontrou outros que compartilham a mesma aflição, um fenômeno conhecido como gangstalking.
O gangstalking é uma crença infundada onde indivíduos acreditam ser perseguidos sistematicamente por grupos ou entidades. Embora se diferencie do crime de perseguição (stalking), que requer provas concretas, o gangstalking está frequentemente associado a delírios e alucinações.
Relatos semelhantes proliferaram online, especialmente em fóruns, onde indivíduos se identificam como vítimas de tortura psicoeletrônica. Essas pessoas acreditam que estão sendo vigiadas e controladas por tecnologias avançadas, levando alguns a formarem associações para defender seus interesses.
Especialistas alertam que tais crenças podem ser sintomas de transtornos mentais, como delírios persecutórios. Paulo Dalgalarrondo, professor da Unicamp, destaca a importância de tratar esses casos com empatia, pois refletem um sofrimento real. Alexandre Loch, da USP, observa que a organização dessas pessoas nas redes sociais é um fenômeno novo que merece atenção.
Nos Estados Unidos e no Brasil, surgiram associações para apoiar indivíduos que se consideram vítimas de gangstalking. Essas entidades buscam proteção contra supostas tecnologias de controle mental e tentam influenciar políticas públicas.
Enquanto isso, profissionais como a psicoterapeuta Liz Johnston estudam o fenômeno com cautela, destacando a necessidade de acolher as pessoas que acreditam estar sofrendo. Johnston sugere que o gangstalking pode ser um tema de interesse para diversas áreas do conhecimento, incluindo saúde mental, mídia social e direito.
Para aqueles que enfrentam dificuldades emocionais, é recomendável buscar ajuda profissional. O Centro de Valorização da Vida (CVV) oferece apoio emocional pelo telefone 188, e o Mapa da Saúde Mental permite a busca de serviços públicos gratuitos.
foto: Jaédson Alves.