O furto de energia elétrica continua sendo um grande desafio para as distribuidoras em Minas Gerais. De acordo com a Companhia Energética de Minas Gerais (Cemig), as chamadas perdas não técnicas — conhecidas popularmente como “gatos” — provocaram um prejuízo de aproximadamente R$ 216 milhões apenas no primeiro semestre de 2025. Quase metade desse valor, cerca de R$ 101 milhões, foi registrada na Região Metropolitana de Belo Horizonte.
Entre janeiro e junho, mais de 177 mil unidades consumidoras foram inspecionadas em todo o estado, sendo 92 mil somente na Grande BH. Nessas vistorias, foram identificadas milhares de irregularidades que contribuíram para os altos prejuízos. Apesar da gravidade, a Cemig destacou que houve redução em relação ao mesmo período de 2024, quando a Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) registrou perdas de R$ 296,9 milhões em Minas.
O problema, no entanto, não se restringe ao estado. Em todo o país, as perdas decorrentes do furto de energia chegaram a R$ 10,3 bilhões em 2024, segundo dados da Aneel.
Além do impacto econômico, a prática traz riscos sérios à segurança da população. Instalações clandestinas podem provocar incêndios, choques elétricos e danificar equipamentos domésticos e industriais, além de comprometer a estabilidade do sistema, gerando interrupções no fornecimento para os consumidores regulares.
O assessor de Relações Institucionais da Cemig, Alexandre Ribeiro, reforçou que os prejuízos não são apenas financeiros. “As instalações irregulares colocam em risco a vida de quem realiza os gatos e também da comunidade em geral. Além disso, podem causar falhas graves na rede elétrica, com efeitos que atingem milhares de pessoas”, afirmou.
Do ponto de vista legal, o furto de energia é crime previsto no artigo 155 do Código Penal, com pena de até oito anos de reclusão. Dependendo das circunstâncias, o responsável pode ainda responder por estelionato, tipificado no artigo 171, cuja pena pode chegar a cinco anos de prisão, além de multa. Quando a fraude é confirmada, o consumidor deve ressarcir a companhia pelo consumo não registrado e arcar com os custos administrativos da apuração.
A Cemig informou que continuará intensificando as fiscalizações e pede a colaboração da população para denunciar casos suspeitos de irregularidades. As denúncias podem ser feitas de forma gratuita e anônima pelo telefone 116 ou por meio do site oficial da companhia. Segundo a empresa, combater essa prática é essencial para reduzir as perdas, proteger a vida da população e evitar que os custos sejam repassados às tarifas de energia.
Fonte: Portal Impactto / O Tempo – Reportagem de Bianca Guimarães, 10/09/2025
Foto: Rovena Rosa / Agência Brasil