Com a ampliação das plataformas de compras pela internet, o número de registros de golpes aumentaram em todo o país. Em Minas Gerais, só em 2022, 52.512 estelionatos cometidos pelo Instagram e pelo Whatsapp foram reportados. Os dados da Coordenadoria Estadual de Combate aos Crimes Cibernéticos (Coeciber) apontam, ainda, que outros 9.462 casos de invasões de dispositivos informáticos foram registrados no último ano.
O Ministério Público de Minas Gerais (MPMG) anunciou a criação do Grupo de Atuação Especial de Combate aos Crimes Cibernéticos, que vai substituir a Cobciber. Conforme o MPMG, a criação do novo órgão é uma resposta às necessidades identificadas a partir do aumento exponencial da demanda por investigação e repressão dos crimes cometidos pela internet.
“É sem dúvida o tipo de crime que mais cresce e se moderniza no Brasil e no mundo. As instituições não podem se manter inertes, sob o risco de se tornarem obsoletas e não terem condições de combatê-lo, em todas as suas frentes, com a agilidade e a eficácia necessárias”, afirma o procurador-geral de Justiça de Minas Gerais, Jarbas Soares Júnior.
Golpe do Falso Anúncio
Uma pesquisa encomendada pela plataforma de compras OLX, e pela empresa de prevenção à fraude e proteção de identidades digitais, apontou que Minas é o terceiro estado brasileito com mais casos de golpes, ficando atrás apenas de São Paulo e Rio de Janeiro.
Entre os crimes mais praticados estão o golpe do “Falso Anúncio”, que lidera o ranking com 47% dos casos, e o golpe da “Compra Confirmada”, com 45%. Ainda conforme o levantamento, o prejuízo estimado é de cerca de R$ 29 milhões.
Estatísticas da “Global Anti Scam Summit” de 2022 mostram que as fraudes on-line correspondem a algo entre 20% e 30% de todos os crimes registrados no planeta. O mesmo estudo estima que menos de 7% das vítimas de crimes cibernéticos chegam a registrar ocorrências perante os órgãos de segurança pública.
No Brasil, de acordo com estudo da Norton Security publicado em 2022, cerca de 71 milhões de brasileiros sofreram algum tipo de ataque cibernético, com prejuízo estimado em R$ 32 bilhões.
Perfil das vítimas
Ainda segundo a pesquisa encomendada pela OLX, a maioria dos mineiros que caíram em fraudes, no ano passado, são homens (79%), contra 21% de mulheres. Já 68% das vítimas têm até 31 anos.
“Em 2022, 70% das tentativas de fraude aconteceram em horário comercial, sendo a quinta-feira o dia da semana com maior incidência. A cada hora, foram mapeadas, em média, 17 tentativas de fraude realizadas com dispositivos comprometidos, sejam eles celulares ou computadores”, informa a plataforma de vendas.
O estudo analisou dados do mercado digital brasileiro, incluindo sites, apps e contas digitais de janeiro a dezembro de 2022, em uma base de cerca de 20 milhões de contas abertas em plataformas on-line.
Prisões na Grande BH
Na última quinta-feira (2/2), uma mulher de 25 anos foi presa em flagrante por fraude eletrônica, em Santa Luzia, na Região Metropolitana de Belo Horizonte. Ela é suspeita de, junto ao marido, adquirir produtos com cartões clonados. A mercadoria apreendida foi avaliada em R$ 3 mil.
Conforme a Polícia Civil, a corporação foi acionada pelo proprietário de uma empresa de produtos descartáveis, localizada no Bairro São Geraldo, na Região Leste da capital, após desconfiar de uma transação que teve sete recusas de diferentes cartões.
No dia da prisão, os investigadores acompanharam a entrega de uma encomenda de sete caixas de copos descartáveis. Próximo ao destino, o marido da mulher presa, que já foi identificado, solicitou que os materiais fossem entregues em outro endereço. No local, no Bairro Nova Esperança, em Santa Luzia, a mulher recebeu a encomenda e foi abordada em flagrante.
Além dos produtos, a polícia apreendeu outros materiais que teriam sido adquiridos por meio da fraude. Foram encontradas nove cestas básicas lacradas, nove kits de limpeza lacrados, uma máquina de cartão, celulares, uma munição e um carregador de pistola calibre 44.