O número de golpes contra idosos em Minas Gerais aumentou drasticamente nos últimos cinco anos, segundo dados da Secretaria de Estado de Justiça e Segurança Pública (Sejusp-MG). Em 2020, a média era de quatro vítimas por dia. Em 2025, esse número saltou para 38 — um crescimento de 850%. A maioria dos crimes é do tipo estelionato, com foco em pessoas acima dos 60 anos.
De acordo com Marcelo Barbosa, coordenador do Procon Assembleia, a evolução dos crimes cibernéticos tem papel central no aumento das fraudes. “Os golpes ficaram mais sofisticados, especialmente com o uso da Inteligência Artificial. Muitos idosos não conseguem distinguir uma imagem ou voz falsa, e acabam acreditando que estão lidando com instituições sérias”, afirmou.
Entre os casos mais comuns estão as falsas centrais de atendimento, boletos falsos, vazamento de dados e até golpes sentimentais. Um dos exemplos é o de Marilene da Silva, de 61 anos, que foi enganada ao comprar um remédio para emagrecer supostamente recomendado por um médico famoso. Pagou R$ 147, mas nunca recebeu o produto. “Usaram a voz do Dr. Drauzio Varella e eu acreditei”, contou.
Os números do Disque 100, canal do governo federal, também preocupam: foram 72 mil registros de golpes contra idosos em 2024 — uma média de uma vítima a cada 10 minutos.
A pandemia também contribuiu para o crescimento dos crimes. Com mais tempo em casa e carentes de interação, muitos idosos acabaram vítimas de ligações falsas, principalmente de golpistas se passando por bancos ou usando dados vazados do INSS. Um dos casos envolve uma idosa de Belo Horizonte que teve parte da aposentadoria desviada para um sindicato de pescadores. “Nunca nem vi um rio, e estavam tirando meu dinheiro”, relatou.
Apesar de ter direito à devolução dos valores, ela esbarrou na burocracia digital. “Tinha que agendar pelo site do INSS, mas eu não sei mexer com essas coisas”, lamentou.
📄 Fonte: O Tempo