O jogo do tigrinho, popular nas redes sociais, está expondo usuários a golpes e vírus, não apenas em sites, mas também por meio de aplicativos de smartphone. Nos primeiros 20 dias de junho, a Folha encontrou 2.217 publicações no Instagram, Facebook e WhatsApp promovendo o jogo, sendo que 420 continham links para a Play Store ou sites falsos imitando a loja oficial de aplicativos do Android.
Esses sites fraudulentos tentam distribuir aplicativos sem a moderação adequada. Aplicativos fora de lojas oficiais representam riscos financeiros e de privacidade. “Basta direcionar pagamentos para uma conta Pix de um laranja e, quando o usuário pedir a retirada de créditos, o site mostrar uma mensagem de erro”, explica Lucas Lago, desenvolvedor de software e membro do Instituto Aaron Swartz.
Os desenvolvedores utilizam esses aplicativos para aumentar o alcance do jogo, distribuído no país aproveitando brechas na regulação, principalmente entre pessoas mais pobres. Segundo Alessandro Marques, especialista em cibersegurança da AddValue, os apps ofertados fora das lojas oficiais têm pior desempenho, especialmente em celulares menos potentes.
Hoje, as principais lojas de aplicativos, Google e Apple, proíbem jogos com apostas em dinheiro. Nos links que levam a endereços legítimos da Play Store, a maioria dos aplicativos já foi removida pela equipe de moderação do Google por violação dos termos de uso.
Os aplicativos encontrados pela Folha nos sites falsos são feitos para versões anteriores do Android, geralmente usadas em celulares mais baratos. A reportagem testou e constatou que as três versões mais recentes do Android não abrem o aplicativo que apareceu em 34 campanhas nas redes sociais da Meta, indicando que o alvo são usuários de smartphones antigos.
A PG Soft, desenvolvedora do jogo baseada em Malta, faz parcerias para distribuir a aplicação sob um modelo “white label”, onde a marca responde pela relação comercial com o cliente, mas todo o serviço é terceirizado. A empresa possui versões de seus jogos para Android e Apple, mas não as distribui no Brasil devido às regras proibitivas.
O Google afirmou utilizar inteligência artificial e esforços humanos para monitorar a Play Store e remover aplicativos que desrespeitem suas diretrizes. A empresa anunciou a expansão do programa-piloto Google Play Protect, que impedirá a instalação de aplicativos baixados fora da Play Store e que pedem permissões de acesso sensíveis.
A Meta, proprietária do Facebook e Instagram, afirmou que exige autorização para anúncios de jogos de azar e trabalha para limitar a disseminação de spam e conteúdos enganosos nas suas plataformas.
COMO EVITAR CAIR EM GOLPES
• Baixe aplicativos somente por meio de lojas oficiais.
• Não forneça dados pessoais a aplicações suspeitas.
• Procure por erros de digitação ou termos que indiquem a inautenticidade de uma página.
• Verifique as avaliações e comentários de outros usuários antes de baixar um aplicativo.
• Mantenha seu dispositivo e aplicativos atualizados com as versões mais recentes de software e segurança.
• Utilize um antivírus.
• Desconfie de aplicativos que pedem permissões excessivas.
• Evite clicar em links suspeitos recebidos por e-mail, mensagens de texto ou redes sociais.