Segundo o relatório da Associação Nacional de Travestis e Transexuais de 2021, 90% da população trans e travestis encontra na prostituição a sua única fonte de renda e subsistência. Por outro lado, uma análise realizada pela data_Labe, laboratório de dados e narrativas da favela da Maré – a partir de dados do IBGE e PNAD – constatou que a chance de subocupação para mulheres negras foi 35% maior que a de homens brancos no primeiro trimestre de 2021.
Criar condições para que pessoas trans, travestis e mulheres negras tenham acesso à formação profissional gratuita e de qualidade, é um caminho potente no enfrentamento das questões relacionadas à carreira e à empregabilidade de grupos marginalizados ou minorizados.
Como forma de modificar esse cenário, acontece entre os meses de março a setembro de 2022 o Lab Plural, programa de formação em Agilidade oferecido pela AsteriscoLab e K21, com o objetivo de capacitar pessoas trans, travestis e mulheres cisgênero pretas para que aumentem as suas chances de inserção no mercado de trabalho.
Gratuito e para todo o Brasil, as aulas acontecem online, sempre no turno noturno, e as inscrições já podem ser feitas através do link labplural.digital, até o próximo dia 13 de fevereiro.
Inovação, criação de produtos e soluções digitais são caminhos versáteis para potencializar carreiras já existentes ou, então, fomentar mudanças de percurso no desenvolvimento profissional. O programa Lab Plural – desenvolvido pela AsteriscoLab – têm por objetivo contribuir para o aumento de mulheres cis pretas, pessoas trans e travestis em condições competitivas no mercado de pessoas trabalhadoras do conhecimento através, especificamente, da entrega de produtos digitais assertivos.
Esse universo profissional tem uma forte relação com times multifuncionais e com perfis diversos. Segundo uma pesquisa realizada pelo Fórum Econômico Mundial em 2020, times e equipes diversas aumentam a lucratividade da organização entre 25% e 36%, enquanto a taxa de inovação aumenta em até 20%.
Para Bernardo Gonzales, pessoa transmasculina e um dos coordenadores do programa, a iniciativa é um passo importante para a empregabilidade de pessoas trabalhadoras do conhecimento no Brasil, uma vez que perfis de pessoas trans e travestis, principalmente, estão mais submetidas à violência e discriminação do que alocadas no mercado de trabalho formal.
“Ao mesmo tempo em que o curso oferecerá acesso à cultura e às metodologias ágeis de forma gratuita, também proporcionará upgrade de carreira com chances reais de melhores oportunidades de emprego”, explica Bernardo.