sábado, 20 de abril de 2024

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Gravidez impõe cuidados e lança alerta para vacinação prioritária

Por Dentro De Tudo:

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Cresceu 144% desde o início da pandemia o número de mortes maternas provocadas pelo novo coronavírus, segundo pesquisa atualizada nesta semana pelo Observatório Obstétrico Brasileiro COVID-19.

Outro fato dramático constatado é que uma em cada quatro gestantes e puérperas internadas com SARS-Cov-2 não teve acesso a unidades de terapia intensiva (UTI) e cerca de 34% não foram intubadas, derradeiro recurso terapêutico que poderia salvá-las. Os números consideraram análise que estende ao período de surgimentos dos primeiros casos da COVID-19 no Brasil.

O secretário de Atenção Primária à Saúde do Ministério da Saúde, Raphael Câmara Medeiros, afirmou, em entrevista coletiva, que mesmo na ausência de estudos, novas cepas do coronavírus podem se manifestar mais gravemente em mulheres grávidas e recomendou que, a partir do terceiro trimestre de gestação, elas façam o exame RT-PCR, que aponta a infecção pela COVID-19. “Já temos a nota técnica que dá essa recomendação expressa para as grávidas com fatores de risco. Estamos na fase final de análise e não podemos errar. Estamos avaliando se iremos colocar, mas a sugestão de grande parte dos especialistas é essa”, disse o secretário.

A pasta avalia incluir todas as mulheres grávidas e puérperas na campanha nacional de vacinação contra a COVID-19. Hoje, com as regras do Plano Nacional de Imunização só acolhem aquelas grávidas que apresentem comorbidades. Câmara Medeiros observou que “praticamente todos os especialistas em ginecologia obstetrícia têm uma sugestão e pedem com bastante força que todas gestantes entrem nesta recomendação, já estamos em tratativas avançadas”. 

Óbitos 

Especialistas têm dito que as manifestações da doença respiratória vão de quadros assintomáticos até os de maior gravidade e fatais. O período de maior risco pode ser desenvolvido no último trimestre de gestação, como citado pelo secretário do Ministério da Saúde, e no período do puerpério. Portanto, gestantes e puérperas até o 14º dia de pós parto, são consideradas grupos de risco para contrair o vírus.

O Observatório Obstétrico Brasileiro COVID-19, que visa a dar visibilidade aos dados envolvendo esse público específico e oferecer ferramentas para análise e fundamentação de políticas para atenção à saúde de gestantes e puérperas em relação ao novo coronavírus, apontam que entre março de 2020 e a última quinta-feira (a mais recente atualização de estatísticas do Ministério da Saúde), foram registrados 9985 casos de internações por COVID-19 com 815 óbitos (8,2%).

Houve, ainda nesse período, outros 9.997 de registros de Síndrome Respiratória Aguda Grave (SRAG) com 263 mortes entre gestantes e puérperas, que, na avaliação dos pesquisadores, podem ser também episódios de SARS-Cov-2. “Percebemos que o aumento da mortalidade das gestantes foi maior do que da população em geral. Enquanto o aumento, desde o início da pandemia, foi de 61% na média no país, as mortes cresceram 144% entre as gestantes se comparados os números de 2020 e 2021”, explicou  Rossana Francisco , docente do Departamento de Obstetrícia e Ginecologia da Faculdade de Medicina da USP e presidente da Associação de Obstetrícia e Ginecologia do Estado de São Paulo (Sogesp).   

Home office 

Na quinta-feira, o Plenário do Senado aprovou o Projeto de Lei (PL) 3.932/2020, que garante regime de home office para trabalhadoras gestantes, durante a pandemia de COVID-19. A proposta é de autoria da deputada federal Perpétua Almeida (PCdoB-AC) e recebeu parecer favorável, com uma emenda de redação, da relatora, a senadora Nilda Gondim (MDB-PB). Como não houve mudanças de conteúdo no texto aprovado pela Câmara, agora o projeto será enviado à sanção presidencial. “Essa é uma conquista para as gestantes. Para além disso, é importante se proteger, não fazer chá de bebê presencial e tomar todas as medidas de segurança”, acrescentou.

Ministério pede que mulheres adiem planos

O secretário de Atenção Primária à Saúde do Ministério da Saúde, Raphael Câmara Medeiros, afirmou, ontem, que a pasta recomenda às mulheres, se possível, adiar a gravidez enquanto durar o pico da pandemia de COVID-19. A sugestão repercutiu mal nas redes sociais. Uma internauta lembrou que a função da pasta é assegurar atendimento à saúde e não interferir num direito da mulher.

“As mulheres não têm que adiar, nem adiantar, nem manter gravidez alguma. As mulheres têm de ser livres para parir ou não. O governo que se limite a garantir nosso acesso à saúde”, disse uma internauta. Outra postagem faz menção crítica à questão do aborto. “O ministério da saúde recomenda adiar gravidez por causa da pandemia num país em que não existe aborto legal, gratuito e seguro.”.

Segundo o secretário Raphael Câmara, apesar da falta de estudos, “a visão clínica de especialistas mostra que a variante nova (do coronavírus) tem ação mais agressiva nas grávidas”.

“Neste momento do pico epidêmico, pela situação que está acontecendo em alguns locais, deve ser avaliado – como aconteceu com o zika vírus em 2016 -, caso possível, postergar um pouco a gravidez para um melhor momento com uma gravidez mais tranquila”, disse. “É óbvio que a gente não pode falar isso para alguém que tem 42 ou 43 anos, mas para uma mulher jovem, que pode escolher o seu momento de engravidar, o mais indicado agora é esperar um pouquinho até a situação ficar um pouco mais calma”, completou.

Ainda sobre a avaliação que o Ministério da Saúde está fazendo para incluir todas as gestantes no plano nacional de vacinação, o secretário Raphael Câmara resslatou que “por definição, a gestação é um período trombótico”, ou seja, que favorece a formação de coágulos sanguíneos e a obstrução de vasos sanguíneos. Ele cidou que algumas vacinas, embora “de forma muito rara”, estão mostrando alguns efeitos colaterais nesse sentido. 

Mais recursos 

O aporte de R$ 274 milhões anunciado ontem pelo Ministério da Saúde para prevenção entre gestantes contra a COVID-19 será usado na identificação precoce e no monitoramento de sintomas do vírus, além da qualificação dos atendimentos de pré-natal, parto e puerpério, além de hospedagem em caso de incapacidade de isolamento domiciliar.

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