A greve dos motoristas de ônibus em Belo Horizonte que iniciou nesta segunda-feira (22) deve continuar também nesta terça-feira (23), segundo informou Luciano Gonçalves, assessor de comunicação do Sindicato dos Trabalhadores Rodoviários de Belo Horizonte (STTRBH), que representa a maior parte da categoria paralisada. Uma audiência entre o sindicato, prefeitura e as empresas de ônibus está marcada para as 14h30 desta segunda-feira por meio de videoconferência no Tribunal Regional do Trabalho da 3ª Região (TRT-3).
Na sexta-feira (19), a Justiça do Trabalho determinou que a paralisação desta segunda-feira deveria cumprir a frota mínima de 60% sob multa diária de R$ 50 mil. Segundo a BHTrans, entretanto, esse percentual não foi cumprido no início da manhã.
Segundo o responsável pela comunicação do sindicato, a avaliação da greve é positiva, com a categoria aderindo de forma espontânea. “É fruto de mais de dois anos sem reajuste, muito descaso. É uma categoria que exerceu a função na linha de frente da pandemia, não conseguiu realizar nenhum movimento. Fica complicado, tem sido positivo, esperamos na reunião um certo avanço, não é algo que a gente quer permanecer, sabemos o prejuízo causado à população”, pontuou Gonçalves. O assessor do sindicato afirmou que nesta segunda-feira, a paralisação permanece. “E deve iniciar a terça-feira com a greve também. Só vai ser suspensa quando tiver avanço e convocar a categoria para que decida se suspende ou não a paralisação, não cabe ao sindicato tomar decisão por contra própria”, afirmou.
Sobre o mínimo estipulado pelo TRT não ser cumprido, Luciano Gonçalves disse que é “algo complicado”, já que a lei da greve determina 30%. “A gente tenta liberar os ônibus, mas como falei, é manifestação espontânea. Então é um direito do trabalhador fazer a greve, o próprio sindicato não consegue controlar. Nossa ideia é suspender a greve, mas precisamos da sinalização, de ter o direito de negociar. Estamos diante de uma negociação que não tem proposta. Se tivesse boa vontade, uma manifestação, do poder concedente, dos patrões, até suspende, mas como lida com uma situação? Estamos tranquilo que a nossa greve é legal, comunicamos com antecedência. Qualquer coisa que venha tentar a tornar o nosso movimento ilegal (multa diária), a gente vai contestar judicialmente”, declarou.
Baixas expectativas
A audiência marcada para a tarde desta segunda-feira entre as partes envolvidas na paralisação tem sido rodeada de baixas expectativas de lado a lado. Os trabalhadores esperam que as empresas de ônibus não apresentem propostas definitivas de acordo, enquanto pessoas ligadas às empresas afirmam que não esperam um aceno do fim da paralisação.
De acordo com a assessoria do Sindicato das Empresas de Transporte de Passageiros de Belo Horizonte (Setra BH), não há condições de conceder aumento salarial ou atender a outras demandas da categoria diante da queda de arrecadação nos últimos anos. No encontro desta tarde, devem ser discutidos temas como a greve em si, a obrigatoriedade do mínimo de frota em circulação, o reajuste solicitado pela categoria, demandas dos rodoviários e pautas dos empresários.
Fonte: O Tempo.