Nos últimos dias, 19 focos de contaminação do vírus H5N1, responsável pela gripe aviária, foram registrados no país – no Espírito Santo, Rio de Janeiro e Rio Grande do Sul. Para evitar que a doença chegue à produção de aves de subsistência e comercial, o Ministério da Agricultura e Pecuária (Mapa) decretou estado de emergência zoossanitária em todo o país.
Apesar do alerta, segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), a contaminação em humanos é rara. De 2003 a abril de 2023, apenas 874 pessoas foram infectadas com H5N1 no mundo, sendo que metade morreu (458). No Brasil, de acordo com o Mapa, 45 pessoas tiveram contato com aves contaminadas, mas nenhum caso foi confirmado.
Diante da identificação da doença em aves silvestres, o médico infectologista Carlos Starling explica a importância da ampliação da vigilância, mas destaca que não há motivo para alerta.
Como a contaminação acontece?
A gripe aviária é provocada pelo vírus H5N1 é eventualmente transmitida para seres humanos. Essa contaminação acontece em sua maioria em pessoas que trabalham em contato com aves, seja de granja ou silvestres. O contágio acontece ao entrar contato com os excrementos, ninhos e carcaças destes animais.
O contágio pode acontecer caso uma pessoa consuma carnes ou ovos de aves contaminadas?
Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), não há registros de contaminação de gripe aviária a partir do consumo de frango ou ovos devidamente preparados. Porém, esta possibilidade não pode ser descartada. O consumo de alimentos crus não é recomendado.
A transmissão acontece entre humanos?
Pode acontecer, mas é mais teórica do que real. Até agora, o que a gente percebe é que o vírus, apesar da alta virulência, não tem as mutações necessárias para que essa infecção entre humanos aconteça em larga escala.
Há possibilidade desta mutação acontecer?
Eu costumo dizer que em vírus não se confia. Ainda mais um vírus tão agressivo como esse. Para evitar que novas mutações surjam, é essencial a ampliação das medidas de controle sanitárias. Temos que prevenir e agir antes que uma epidemia possa acontecer.
Qual o índice de mortalidade da Gripe Aviária?
A mortalidade chega a 52% dos casos não tratados, o que consideramos alta. Então, é importante que o paciente procure um médico e tome uma antiviral nas primeiras 48 horas após o início dos sintomas para evitar o agravamento da doença.
O que uma pessoa deve fazer para se prevenir?
Neste momento é necessário tomar cuidado ao manipular aves, principalmente as silvestres. Caso uma pessoa veja uma ave morta, por exemplo, é preciso notificar as autoridades de saúde pública. Jamais toque em uma carcaça. Assim que as autoridades forem alertadas, elas farão a remoção do animal com os equipamentos de segurança próprios – como máscaras e roupas apropriadas.
Em caso de contaminação, o que fazer?
Em caso de exposição recente e inícios dos sintomas, a pessoa deve procurar um médico, fazer o uso do antiviral e permanecer em vigilância por dez dias. Além disso, em caso de suspeita, um exame deve ser realizado para confirmar a gripe aviária. As autoridades de saúde pública também devem ser informadas.
Há vacina para humanos?
Ainda não temos uma vacina. Porém, mesmo se tivéssemos, não haveria agora a necessidade de vacinar a população em massa, já que não estamos em surto. Agora a medida necessária é amplificar os controles de vigilância, como o decreto publicado pelo Ministério da Agricultura e Pecuária (Mapa).
Há motivo para pânico?
Neste momento, existe razão apenas para a vigilância. Não há motivo para ter medo ou interromper o consumo de produtos aviários. Até agora, os casos registrados aconteceram em aves silvestres.
Fonte: Itatiaia.