GRUPO DE VENEZUELANOS É ACOLHIDO EM MATOZINHOS

Por Dentro De Tudo:

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Solidariedade não tem fronteira quando é preciso acolher e ajudar. Na rota de imigrantes venezuelanos, Matozinhos é uma das cidades brasileiras que tem recebido famílias exiladas da Venezuela, após a crise política, econômica e social que se instalou naquele país. No nosso município, sete famílias identificadas pela Secretaria de Desenvolvimento Social, estão sendo acompanhadas.  

Na terça, 10, a equipe do CREAS reuniu os venezuelanos na unidade para conhecer a história dessas pessoas, as vulnerabilidades que estão expostas e o desafio para resistir e recomeçar uma nova vida em outro país. Eles foram recebidos pela assistente social Amanda Pinelli Assunção, juntamente com a médica cubana Katerine de La Carudad, que se voluntariou para participar do encontro e traduzir os diálogos, já que alguns não falam e compreendem o português completamente.

Uma das famílias já está em Matozinhos há dois anos; outra chegou na semana passada e se adapta ao ritmo da cidade ainda. A realidade que enfrentaram no país de origem, traça um cenário de miséria e muita desigualdade. Muitos passaram fome, moraram nas ruas e chegaram a se alimentar de lixo para sobreviver. Com um salário mínimo equivalente a cinco reais da moeda brasileira, eles engrossam a estatística de mais de 5,6 milhões de venezuelanos que emigraram nos últimos anos, de acordo com dados da ONU, em busca de qualidade de vida.   

O Brasil da oportunidade

Atravessar os limites entre a Venezuela e Brasil não foi uma missão fácil, pois eles saíram do país sabendo que não poderiam mais voltar. Caso decidissem retornar, seriam presos de acordo com a política venezuelana. Mesmo diante dos riscos no caminho, percorrendo estradas a pé, cortando rios a nado, passando fome, sede, frio, eles lutaram pela sobrevivência, pela liberdade e pelo direito de ter uma vida digna. Segundo relatos, algumas crianças não resistiram durante o trajeto e se afogaram no rio.

Os venezuelanos contaram que o programa de interiorização comandado pelo Exército Brasileiro e pela ONU, recomendou que eles seguissem para as cidades do interior, próximas a aeroportos, para que pudessem se estabelecer. Devido a proximidade com Confins, Matozinhos se tornou uma opção. Para orientá-los, a Secretaria de Desenvolvimento Social do município, está organizando esses encontros para direcioná-los, quanto aos serviços públicos disponíveis para assistência à população. O SUS foi uma novidade apresentada, já que na Venezuela não havia essa alternativa.

Nos próximos encontros, serão abordados os serviços disponíveis nos equipamentos da Secretaria e como ter acesso a eles. Em um terceiro momento, a coordenadora do SINE de Matozinhos Rita Oliveira vai orientá-los sobre preparação para entrevistas de emprego, elaboração de currículos e cadastros de vagas, para que possam se preparar para o mercado de trabalho na região.

A questão imigratória é uma emergência humanitária complexa e necessita de um olhar acolhedor. Entrar em um país desconhecido, com uma cultura totalmente diferente, com práticas políticas e sociais diversas, é desafiador, mas para essas pessoas, é a oportunidade que elas estão tendo para prosseguir e, acima de tudo, sobreviver ao caos.  

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