A polícia investiga o universo nebuloso de um dos aplicativos de troca de mensagens mais populares do mundo. Instalado em mais de 1 bilhão de celulares, o Telegram é alvo de denúncias de propagação de discursos de ódio e divulgação de informações falsas.
Os repórteres do Fantástico também encontraram tráfico de drogas, comércio de dinheiro falso, propaganda nazista e até venda de certificados de vacinação — tudo circulando livremente pela plataforma.
No Brasil, o Tribunal Superior Eleitoral já manifestou preocupação com o impacto que o Telegram pode ter nas próximas eleições. Mas afinal, o que está por trás desse aplicativo que atrai seguidores poderosos e coleciona polêmicas?
As funções do Telegram, somadas aos valores de anonimato, privacidade e liberdade pregados pelo app, permitiram que se criasse um ambiente seguro para ativistas. Nos últimos anos, em Hong Kong ou Belarus, usuários pró-democracia conseguiram driblar os regimes autoritários e trocar informações sem serem perseguidos.
Agora, o mesmo ocorre na Ucrânia. O aplicativo tem sido usado por moradores e autoridades ucranianas como um canal protegido de troca de informação. O presidente ucraniano Volodymyr Zelensky tem seu próprio canal, com mais de 1 milhão de inscritos, por onde envia discursos e informações sobre ataques. O Telegram também é usado por russos que querem burlar a censura do governo de Vladimir Putin sobre os meios de comunicação.
No entanto, esse ambiente virtual, com suposta garantia de privacidade e anonimato, também encheu os olhos de quem não tem boas intenções. Em vários países, como aqui no Brasil, o aplicativo passou a ser usado de forma massiva por criminosos. Veja a relação de crimes flagrados nos grupos monitorados:
- Estelionato
- Propaganda neonazista
- Pornografia infantil
- Venda de armas sem registro
- Venda de drogas
- Venda de notas de dinheiro falsas
- Falsificação de documentos
- Falsificação do certificado de vacinação contra a Covid-19
Um dos golpistas se apresenta como “professor de estelionato” oferecendo um “curso de golpes”. São incontáveis os anúncios oferecendo dicas de fraudes e bancos de dados com informações de brasileiros para facilitar a prática de golpes.
Para as eleições deste ano, o TSE criou um programa de enfrentamento à desinformação. Mais de 80 aplicativos e sites toparam participar. O único que sequer se manifestou foi o Telegram.
Fonte: Fantástico.