Sem desvendar o ataque hacker ao Ministério da Saúde, realizado na sexta-feira (10) e que ainda mantém sites da pasta fora do ar, a Polícia Federal foi alvo de cibercriminosos na noite desta terça-feira (14). Eles também derrubaram a página da corporação.
Ainda não se sabe se são os mesmo que vêm causando estragos nos sites de órgãos do governo federal, mas o Lapsus$ Group, grupo hacker que assumiu o ataque ao Ministério da Saúde, comentou sobre a falha no site da PF.
“RIP PF”, escreveram mais cedo os invasores em um grupo de mensagens divulgado pelos próprios hackers no site do Ministério da Saúde, usando a sigla para “rest in peace” (descanse em paz, em inglês). Na segunda-feira (13), o Lapsus$ publicou nesse grupo que o site da PF “parece não funcionar mais”.
ConecteSus continua inacessíveis e outros sites são invadidos
Assim como as plataformas do Ministério da Saúde, que ainda não voltaram a funcionar plenamente, outros sites hospedados no gov.br registram instabilidade na manhã de terça-feira (14). Entre eles o site do Palácio do Planalto, onde é divulgada a agenda do presidente Jair Bolsonaro (PL) e outras ações da Presidência da República.
A mensagem de que “Não é possível aceder a este site” é exibida quando o usuário tenta acessar plataformas como os sites dos ministérios da Economia, Educação, Secretaria-Geral da Presidência, Casa Civil, Cidadania, Trabalho e Previdência, e Agricultura,
Na segunda-feira, o ministro da Saúde, Marcelo Queiroga, anunciou um segundo ataque às plataformas da pasta, e o Gabinete de Segurança Institucional da Presidência da República (GSI/PR) confirmou, em nota, que mais de um órgão havia sido afetado, sem especificar quantos. Disse, ainda, que o Centro de Prevenção, Tratamento e Resposta a Incidentes Cibernéticos (CTIR Gov) emitiu um alerta sobre o ataque.
A equipe do O TEMPO em Brasília apurou que, além do Ministério da Saúde, outros órgãos federais foram alvo de ataques hacker na última sexta-feira (10). É o caso da Controladoria-Geral da União (CGU), da Polícia Rodoviária Federal (PRF) e do Instituto Federal do Paraná (IFPR), que tiveram seus sistemas invadidos na semana passada.
O ConecteSUS – a plataforma do ministério onde é possível acessar o comprovante de vacinação contra a Covid-19 – está fora do ar desde sexta. No domingo (12), o ministro da Saúde, Marcelo Queiroga, afirmou que voltaria a funcionar na terça-feira, o que não aconteceu.
Ministro do STF mandou governo exigir comprovante de vacinação
O governo federal havia editado portaria prevendo a exigência do chamado “passaporte da vacina” a partir do sábado (11), mas devido ao ataque hacker, os efeitos da portaria foram suspensos por sete dias.
Porém, no sábado, o ministro Luís Roberto Barroso, do Supremo Tribunal Federal (STF), determinou a cobrança do comprovante de vacinação contra a Covid-19 para os viajantes vindos de outros países que desembarcam no Brasil.
A Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) informou, em nota divulgada na segunda-feira (13), que notificou os postos de fronteira, especialmente de aeroportos, para o cumprimento imediato da decisão do ministro.
Segundo a Anvisa, a decisão “teve efeito imediato, sem prazo de adequação, e, por isso, exige da Agência a realização de avaliações pontuais, especialmente em relação aos passageiros que já estavam em deslocamento ou em trânsito no momento em que a decisão foi emitida”.
Além disso, de acordo com a nota, a agência está implementando, ao mesmo tempo, a cobrança e orientação aos viajantes em todos os aeroportos que recebem voos internacionais, “de forma que os passageiros já foram interpelados em relação à exigência do documento”
Na mesma nota, a Anvisa informa que ainda aguarda a edição de nova portaria do governo Bolsonaro, anunciada para esta segunda-feira, “com maior detalhamento das regras para a entrada de viajantes no Brasil, a fim de que possa realizar as adequações operacionais que se fizerem necessárias”.