Uma mulher procurou a polícia após passar a noite em cárcere privado na casa do companheiro, onde foi impedida de sair, ameaçada e submetida a agressões físicas e psicológicas em Juatuba, na Região Metropolitana de Belo Horizonte. O caso foi apresentado em coletiva de imprensa nesta semana e resultou na prisão preventiva do suspeito, que também responderá por tentativa de estupro e maus-tratos a animais.
De acordo com a investigação, a vítima esteve na residência do homem durante a tarde. À noite, ao tentar ir embora, teve as portas trancadas e o celular retirado. Sem acesso a telefone e impedida de sair do quarto, ela passou a ser ameaçada. Segundo a polícia, o agressor demonstrava ciúmes, acusava a mulher de traição e dizia que queria que ela “sumisse”.
Ainda conforme apurado, houve lesão corporal, ameaças com um facão e outras formas de intimidação. O suspeito teria jogado água gelada sobre a vítima e permanecido no local durante toda a noite, em um contexto descrito como de terror psicológico. A polícia informou que ele também tentou manter relação sexual sem consentimento. Apesar de não ter conseguido consumar o ato por estar embriagado, a conduta foi enquadrada como tentativa de estupro, conforme a legislação vigente.
Na manhã seguinte, a mulher conseguiu sair para trabalhar após o próprio agressor chamar um carro por aplicativo. Em seguida, ela procurou uma delegacia, onde registrou a ocorrência e solicitou medida protetiva. Durante o atendimento, os policiais perceberam que mensagens enviadas à vítima eram apagadas, o que levantou a suspeita de clonagem do celular. Posteriormente, o homem admitiu ter clonado o aplicativo de mensagens, acompanhando os deslocamentos da mulher, inclusive até a delegacia e o Instituto Médico-Legal.
Mesmo após o registro da ocorrência, o suspeito passou a rondar a porta da delegacia em busca da vítima. Em uma das tentativas de abordagem, ele fugiu, chegando a colidir o carro em uma esquina antes de escapar. Segundo a polícia, o homem também seguiu a mulher até o IML e chegou a entrar no local atrás dela, o que levou a equipe a acionar a Polícia Militar para garantir a escolta da vítima.
A prisão preventiva foi cumprida posteriormente, quando equipes da Polícia Civil de Minas Gerais localizaram o suspeito tentando fugir pela vizinhança, pulando muros de residências. No local, os policiais encontraram dois cães em situação de abandono e sofrimento. Os animais estavam sem água, sem alimento, sem abrigo e apresentavam ferimentos visíveis. Diante do flagrante, foi lavrado também um auto de prisão por maus-tratos a animais.
Segundo a polícia, além do procedimento relacionado à violência doméstica, um segundo inquérito foi instaurado especificamente para apurar o crime ambiental. O homem já possui histórico de ocorrências de violência contra a companheira.
Durante a coletiva, a polícia destacou que a falta de denúncia ainda é um dos principais obstáculos no enfrentamento da violência contra a mulher. Casos de agressões recorrentes e até feminicídios, segundo os investigadores, muitas vezes ocorrem sem que haja registros anteriores.
A orientação é que vítimas ou pessoas próximas procurem qualquer unidade policial para registrar a ocorrência, solicitar medidas protetivas e acionar o atendimento imediato. Em situações de emergência, a recomendação é ligar para o 190 e buscar apoio da Polícia Militar de Minas Gerais.
Crédito da foto: DeFato Online. Fonte: DeFato Online.














