Um homem de 43 anos foi indiciado pela Polícia Civil por ter feito uma denúncia falsa de crime de homofobia em Betim, na Região Metropolitana de Belo Horizonte. O objetivo do suspeito seria justificar uma obra irregular feita por ele no condomínio de luxo onde o casal mora – uma entrada separada dos demais moradores.
De acordo com a delegada Ariadne Elloise Coelho, o suspeito e o companheiro procuraram a polícia no fim de junho. Eles disseram que tinham recebido mensagens ofensivas e até ameaças de expulsão do condomínio pelo fato de serem homossexuais: “Não queremos gays morando perto”, dizia um dos textos.
O casal ainda afirmou que, por causa do medo das ameaças, construiu uma entrada separada no condomínio e instalou câmeras de segurança. Além disso, apontou três moradoras como principais suspeitas do crime.
No entanto, após investigações realizadas junto às operadoras de telefonia, a polícia descobriu que as mensagens tinham partido do celular de um dos homens.
“Eles foram intimados novamente para interrogatório, e esse homem de 43 anos, bacharel em direito, que inclusive já foi demitido da Prefeitura de Betim por fatos anteriores, confessou ter tido a ideia de encaminhar essas mensagens para o próprio celular como uma forma de vingar das vizinhas, com quem já tinha certa animosidade, e para justificar principalmente uma obra irregular que foi feita no condomínio por ele”, disse a delegada.
O suspeito afirmou à polícia que comprou o chip para o envio das mensagens em uma drogaria e que o marido não sabia de nada.
O homem foi indiciado por denunciação caluniosa, falsidade ideológica e falsa identidade, porque, de acordo com a delegada, em alguns momentos se apresentava como advogado e, em outros, como policial.
“Tudo isso, segundo ele, para justificar uma obra irregular. Seria justamente essa fachada, essa entrada separada no condomínio que ele alegou ter feito após os fatos, mas na verdade a obra já teria tido início em janeiro. Essas outras moradoras, que ele apontou como as principais suspeitas, é que implicavam com a obra, então ele quis imputar o crime justamente a elas”, explicou Ariadne.
O inquérito foi concluído e encaminhado ao Ministério Público.
A delegada destacou que esse caso específico não deve prejudicar a luta da população LGBTQIA+. De acordo com o Observatório de Mortes e Violências LGBTI+ no Brasil, em 2021, 316 pessoas morreram em função do preconceito e da intolerância no país.
“É um crime que, se tivesse ocorrido, seria gravíssimo e merece toda punição”, afirmou Ariadne.
Fonte: Globo Minas.