Após 11 anos de relativa estabilidade, o número de homicídios na região metropolitana de Belo Horizonte registrou um aumento preocupante de quase 20% no primeiro semestre de 2024. De janeiro a junho, foram contabilizados 445 assassinatos nas 24 cidades da região, em comparação com 371 no mesmo período de 2023, segundo dados da Secretaria de Estado de Justiça e Segurança Pública (Sejusp) de Minas Gerais.
Especialistas apontam que o aumento está relacionado a uma série de fatores, incluindo a disputa violenta entre facções criminosas do Rio de Janeiro e de São Paulo por territórios na Grande BH e a maior circulação de armas no Estado, que viu um aumento de 175% nas armas registradas. Ludmila Ribeiro, pesquisadora do Centro de Estudos de Criminalidade e Segurança Pública (Crisp) da UFMG, destacou que as investidas dessas facções, combinadas com a maior disponibilidade de armas de fogo, são fatores-chave para a escalada da violência.
Um policial militar da região, que pediu para não ser identificado, relatou a sobrecarga enfrentada pela corporação, que, com baixo efetivo e recursos limitados, tenta lidar com o avanço das facções. Ele também criticou o corte no investimento em inteligência, considerado crucial para o combate às organizações criminosas.
Os primeiros seis meses de 2024 foram marcados por assassinatos violentos que assustaram a população, como o caso de Melissa Maria Ribeiro, de 6 anos, que morreu após ser baleada durante uma briga de trânsito, e uma chacina em Ribeirão das Neves que resultou na morte de três pessoas, incluindo duas crianças.
Em resposta ao aumento dos homicídios, a Sejusp afirmou que está desenvolvendo estratégias preventivas e repressivas para combater a criminalidade, incluindo o uso de tecnologias de inteligência e o fortalecimento de programas como o “Fica Vivo!”, que visa prevenir a violência entre jovens em áreas de maior vulnerabilidade.
A pesquisadora Ludmila Ribeiro defende que o Estado invista em policiamento permanente nos “hotspots” de homicídios e enfatiza a importância de recolher e destruir as armas utilizadas no crime organizado, como medidas para reduzir a violência a curto prazo.
Foto: Thomás Santos/O Tempo