Quase 500 pessoas vítimas de picadas de aranhas foram atendidas no Pronto-Socorro João XXIII, em Belo Horizonte, nos primeiros quatro meses deste ano. São 479 registros ante 415 no mesmo período de 2022, aumento de 15%. De acordo com o médico Adebal Andrade, coordenador da Toxicologia do Hospital João XXIII, há casos de Viúva-Negra (Latrodectus), Aranha-Marrom (Loxosceles) e Armadeira ( Phoneutria), consideradas as venenosas do Brasil e que podem matar.
“Nos últimos quatro meses de 2023, nós registramos três atendimentos de Viúva-Negra, oito de Aranha-Marrom, 191 de Armadeira e 277 casos em que o paciente não trouxe ou trouxe a aranha esmagada, sem possibilidade de identificação”, diz o médico.
Adebal esclarece que são 4.500 espécies de aranhas no Brasil, mas somente a Viúva-Negra, a Armadeira e a Marrom representam perigo. Em média, o Hospital João XXIII, referência nesse tipo de atendimento, registra 800 casos de vítimas de aranha por ano.
O quadro clínico dos pacientes varia de acordo com a idade, da espécie da aranha e de doenças pré-existentes. “De modo geral, a clínica mais comumente observada é dor no local, a maioria das aranhas causa dor, e pode levar a alterações mais ou menos intensas no local. A maioria é leve, mas pode chegar a quadros graves, inclusive com comprometimento do sistema circulatório, renal e até ao óbito” alerta.
Na maioria dos casos, o médico explica que o tratamento é a limpeza do local e o uso de analgésicos. “Nos casos graves, há necessidade de administração de um soro específico: antiaracnídico, produzido no Brasil, e antiloxosceles, específico para acidentes causados por Aranha-Marrom”.
O médico destaca que a Aranha-Marrom é responsável pelos acidentes mais graves no Brasil, a maior parte registrada em Curitiba, capital do Paraná, Sul do Brasil. “Em Belo Horizonte e na região metropolitana, esse número é relativamente pequeno (30 por ano), mas são, realmente, os casos mais graves. Podem causar a necrose do tecido no local da inoculação do veneno, comprometimento do fígado, do sistema de coagulação, comprometimento renal e até o óbito, naqueles casos mais complicados e que não receberam atendimento específico em tempo hábil”, diz Adebal.
Identificação
Em caso de picada de aranha, o médico ressalta a importância de identificar a espécie. “É extremamente importante que seja feito. Então, é importante fotografar o animal ou, se porventura ele tenha matado o animal, trazê-lo para que a gente possa fazer a identificação. Isso ajuda muito no tratamento”, disse.
Fonte: Itatiaia. Foto: Reprodução Instituto Via Brasil.