O coração é um órgão vital, mas muitas vezes não recebe a atenção necessária até que um sinal de alerta surja. Entre as condições cardíacas mais graves e comuns estão o infarto, a angina e a arritmia. Embora estejam interligadas, cada uma possui características, sintomas e gravidades distintas. Compreender essas diferenças é o primeiro passo para buscar ajuda a tempo e, mais importante, para adotar hábitos que previnam o seu desenvolvimento.
Para esclarecer essas condições, o portal G1 conversou com o cardiologista Renato Átila, que ressaltou a importância do conhecimento e da prevenção. A angina não é um infarto, mas pode ser um sinal de que ele está prestes a ocorrer. Segundo o doutor Renato Átila, a angina é descrita como “uma sensação referida no tórax, geralmente o paciente leva a mão ao peito espalmada”. Essa sensação indica que o músculo cardíaco não está recebendo sangue suficiente.
A principal causa da angina é a formação de placas de gordura (aterosclerose) nas artérias coronárias ao longo do tempo, o que reduz o fluxo sanguíneo. O cardiologista explica que isso geralmente é causado por hábitos inadequados e por fatores genéticos. Diabetes, hipertensão, colesterol alto, sedentarismo, estresse e má qualidade de sono aceleram a formação dessas placas.
O infarto representa a evolução crítica do processo que se inicia com a angina. Ele ocorre em decorrência da obstrução total de uma artéria do coração. Renato Átila faz um alerta sobre sua gravidade: “o infarto em si tem uma mortalidade muito elevada, em torno de 15 a 20% atualmente”. Para comparação, ele menciona que a mortalidade da Covid-19 foi de 8% no pior momento da pandemia, evidenciando que o infarto é uma “doença comum, prevalente e que mata muito”.
A arritmia cardíaca, por sua vez, abrange outro grupo de doenças. O médico a define como o ritmo do coração batendo abaixo de 50 ou acima de 100 batimentos por minuto em repouso, ou de forma irregular. Embora a doença arterial (aterosclerose) possa levar a alguns tipos de arritmia, a fibrilação atrial é a mais comum e perigosa, especialmente entre idosos, uma vez que está relacionada ao AVC isquêmico, que também apresenta alta mortalidade. O sintoma principal que o paciente percebe é a palpitação, que pode ser um batimento acelerado ou irregular. Qualquer sinal desse tipo deve ser investigado por um médico.
Reconhecer os sintomas pode salvar vidas. A angina típica geralmente se manifesta como dor ou sensação de aperto no peito, que pode irradiar para o pescoço e para a parte interna do braço esquerdo. O doutor Renato Átila enfatiza a importância de valorizar a dor que se irradia para o queixo ou para o braço esquerdo. Ele também destaca que sintomas atípicos podem ser mais comuns em grupos como mulheres diabéticas e idosos, onde o problema pode se manifestar através de falta de ar, tontura ou outros sinais mais discretos.
A boa notícia é que a maior parte dos fatores de risco para essas doenças pode ser controlada. O cardiologista é enfático ao afirmar que a prevenção é a medida mais impactante contra as doenças cardiovasculares. As recomendações incluem o controle rigoroso do diabetes, colesterol ruim (LDL) e hipertensão, o combate ao sobrepeso e à obesidade, a prática de atividades físicas, a interrupção do hábito de fumar, a gestão do estresse e a busca por um sono de qualidade. O médico conclui que é fundamental cuidar tanto da saúde física quanto da mental para evitar que o coração suporte uma sobrecarga excessiva.
As doenças cardíacas são a principal causa de mortes no Brasil, segundo a Sociedade Brasileira de Cardiologia.
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Fonte: G1