A influenciadora Michele Dias Abreu, de 46 anos, foi denunciada pelo Ministério Público de Minas Gerais no último sábado (18), após um vídeo dela associar a tragédia climática no Rio Grande do Sul, que deixaram 155 pessoas mortas, a religiões de matriz africana.
Em uma rede social da blogueira, um único vídeo já atingiu mais de 120 mil visualizações. Em outra, Michele explica que é CEO de uma rede de laboratórios em Minas Gerais e também atua com gestão de pessoas, treinamento e liderança.
Sobe o número de mortos nas enchentes no Rio Grande do Sul
Ainda segundo texto, a influenciadora, que mora em Governador Valadares, disse que percebeu pessoas a sua volta sofrendo por não conseguir prosperar e por isso elas ficam “desmotivadas e depressivas por não terem noção do quanto o autoconhecimento e a espiritualidade são importantes e podem ajudá-las na busca pelo sentido e propósito de vida”, escreveu.
Em seu canal, Michele apresenta vídeos, que falam de honra, cura, medo, liderança e sentimentos. A maioria usando a bíblia como base. Em outra plataforma, ela se apresenta como empreendedora, cristã, mãe e apaixonada por jesus.
Empresária e influenciadora é denunciada pelo MPMG — Foto: Reprodução/redes sociais
A empresária também criou uma série online em uma plataforma gratuita de vídeos, na qual atua desde 2020. Segundo ela, os episódios são para o público que se sente “frustrado ou incapaz de progredir”.
Assim como outras redes sociais, os vídeos foram retirados do ar e os comentários bloqueados.
O g1 tentou contato com a defesa da mulher e com a rede de laboratório que ela alega ser CEO, mas até o momento não obteve retorno.
Empresária e influenciadora, Michele Abreu, denunciada pelo MPMG — Foto: Redes sociais
Penalização mais severa
Uma lei sancionada em 2023 pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva tornou mais severas as penas para crimes de intolerância religiosa.
As religiões de matriz africana são o alvo mais frequente de quem não respeita a liberdade de crença. Segundo dados do Ministério dos Direitos Humanos, só em 2022 foram 1.200 ataques – um aumento de 45% em relação a 2020.
A lei, agora, prevê pena de 2 a 5 anos para quem obstar, impedir ou empregar violência contra quaisquer manifestações ou práticas religiosas. A pena será aumentada a metade se o crime for cometido por duas ou mais pessoas, além de pagamento de multa. Antes, a lei previa pena de 1 a 3 anos de reclusão.
A punição é a mesma prevista pelo crime de racismo, quando a ofensa discriminatória é contra grupo ou coletividade, pela raça ou pela cor. A expectativa é de que a nova lei ajude a punir quem comete crimes religiosos e ajude proteger a vítima, que muitas vezes não encontra amparo quando tenta fazer uma denúncia.
Fonte: Globo Minas.