A rápida ascensão da Inteligência Artificial (IA) deve provocar profundas transformações no mercado de trabalho global nos próximos anos. De acordo com previsões do Fórum Econômico Mundial, cerca de 92 milhões de empregos poderão ser eliminados até 2030 por causa da automatização impulsionada por sistemas de IA.
Gigantes da tecnologia como Amazon, Microsoft e Shopify já admitem mudanças significativas em suas estruturas, com cortes de pessoal em diversos setores. A Duolingo, por exemplo, substituiu parte de sua equipe por sistemas automatizados, enquanto o CEO da Amazon, Andy Jassy, anunciou demissões em larga escala. A preocupação é global: políticos, economistas e até o papa Leão 14 têm alertado para os riscos que a IA representa à dignidade do trabalho e à estabilidade social.
Segundo o FMI, os impactos serão mais sentidos nos países desenvolvidos, onde cerca de 60% da força de trabalho está sob risco. No Brasil e em outras economias emergentes, o percentual é de 40%, enquanto em países de baixa renda, o risco estimado chega a 26%.
Diferente de ondas anteriores de automação, que afetaram principalmente trabalhadores industriais, a IA agora ameaça funções de nível superior, como programadores, contadores e redatores técnicos — conforme levantamento do Pew Research Center. Em contrapartida, ocupações que exigem esforço físico ou habilidades interpessoais, como cuidadores, bombeiros e profissionais da construção civil, ainda oferecem certa resistência à substituição por máquinas.
Apesar do cenário desafiador, especialistas acreditam que a tecnologia também trará novas oportunidades. Estima-se que até 170 milhões de empregos possam ser criados a partir da revolução digital. Para Enzo Weber, pesquisador do Instituto IAB da Alemanha, a IA tem mais potencial de transformar e ampliar o trabalho humano do que eliminá-lo por completo. A visão é compartilhada por economistas da Universidade Harvard, que destacam o aumento de produtividade como um fator capaz de equilibrar a demanda por trabalho mesmo com a automação de tarefas.
A transição, no entanto, dependerá não apenas da velocidade de adoção da tecnologia, mas também de como empresas e trabalhadores irão se adaptar às novas funções e exigências do mercado.
Fonte: Diário do Centro do Mundo / DeFato Online – 15/07/2025