Déia e Ricardo, dona Neia e os filhos dela, Augusto e Ângelo, são alguns dos exemplos de pessoas que viralizaram na internet por compartilharem um lado mais íntimo de pessoas com o Transtorno do Espectro Autista (TEA). Nas redes sociais, vídeos que revelam o comportamento e o cotidiano de pessoas no espectro acumulam milhares de visualizações. Diante disso, é possível notar que a tecnologia tem desempenhado um papel fundamental para conectar pessoas, compartilhar informações, quebrar estigmas associados ao autismo e conscientizar sobre o tema.
Em conversa com o BHAZ, a presidente da Comissão de Defesa das Pessoas com Deficiência da OAB-MG (Ordem dos Advogados de Minas Gerais), Michelly Siqueira, explica que, atualmente, as redes sociais estão “transformando a vida dessas pessoas”.
@ricardodalvaclube #dalvaericardo #ricardo #dalva #ricardoautista ♬ som original – ricardoclube
“Quando a família, ou a própria pessoa com TEA compartilha a rotina e as dificuldades dela, a sociedade entende qual é o seu papel, do cuidado, do acolhimento. Quando você divide esse dia a dia, ajuda a desmistificar o autismo, o que é essencial para a verdadeira inclusão”, destaca Michelly.
A advogada ainda cita a importância da internet para a disseminação de conteúdos sobre o autismo que ajudam outras pessoas a buscarem o diagnóstico e até garantirem os direitos que lhes são garantidos.
@lucigmaia Retrospectiva em comemoração a 1 ano de nossas redes sociais! Obrigada a todos os seguidores que nos acompanharam durante todo esse tempo! #autista #autismo ♬ som original – Maria Luci Gomes Maia
“Muitos adultos começaram a entender que algo poderia estar acontecendo ao se identificarem com aquilo que viam e ouviam. Além disso, através das redes sociais, nós podemos espalhar conteúdos sobre os níveis de TEA e os direitos que as pessoas no espectro têm e o que elas devem fazer para obtê-los”, completa.
‘Fonte de informação’
Professor na Academia do Autismo e palestrante sobre o autismo, Willian Chimura, categoriza a internet “fonte de informação” ao falar com o BHAZ sobre a importância dela como ferramenta para a conscientização do TEA.
Chimura, 31, conta que recebeu o diagnóstico de Síndrome de Aspeger, uma condição psicológica do espectro autista, já adulto. Segundo o professor, a internet foi um “apoio” que ele encontrou antes e depois de receber o diagnóstico.
“Mesmo antes de ter o diagnóstico fechado, eu sempre gostei de usar a internet, sempre me apoiei muito na internet como fonte de informação. E, não diferentemente, quando recebi o diagnóstico, eu usei muito da internet para tentar encontrar o máximo possível de informação para entender o que do espectro autista se relaciona comigo e o que do espectro autista não se relaciona comigo. No final das contas, estamos falando de um espectro amplo com diferentes níveis de atipicidades e pessoas dentro do diagnóstico”, afirma Chimura.
Willian Chimura usa as redes sociais para disseminar conhecimentos sobre o autismo
Tanto Michelly quanto Chimura são duas pessoas que usam as redes sociais para compartilhar conteúdos sobre o autismo, e ambos perceberam como isso traz benefícios indiscutíveis.
Chimura conta como as redes sociais desempenharam um papel importante em sua busca por informações sobre o autismo e como elas influenciaram o que ele faz hoje. “Na época do meu diagnóstico, eu encontrei grupos de pais e mães de crianças autistas, que foram fundamentais para eu obter informações e trocar experiências”, conta.
Segundo ele, o autismo se tornou um assunto de grande interesse e, por isso, ele acabou se dedicando a entender mais sobre o espectro. “Na época eu falava com outros pais e mães que, muitas vezes, estavam passando por uma angústia pelo diagnóstico do filho. Eu conversava com eles e ficava muito feliz em poder ajudar”, relata.
“Aí eu comecei a perceber uma certa regularidade nas principais dúvidas desses pais, e foi aí que eu decidi começar a fazer e compartilhar conteúdos sobre o autismo. A ideia surgiu mais ou menos assim, de responder essas dúvidas recorrentes e ajudar essas pessoas”, ressalta Chimura.
Democratização da informação
Assim como Chimura, Michelly, que também compartilha nas redes sociais conteúdos explicativos sobre o autismo, salienta como a internet se tornou algo essencial para ajudar tanto familiares quanto pessoas com TEA.
“A internet ajuda a democratizar a informação, e a informação salva vidas, a informação garante direitos. A internet permite que eu tenha acesso a mais pessoas, que eu vou poder ajudar através dos meus conhecimentos e acolhimento. As redes sociais aumentam o nosso alcance de público e nos ajudam a disseminar e garantir os direitos dessas pessoas.”
Uma publicação compartilhada por Michelly Siqueira Advogada (@michelysiqueira)
A inclusão digital é o que permite que a população tenha acesso de forma rápida e prática à informação. “A internet permite que as pessoas compartilhem suas vivências, o que possibilita uma aproximação entre público e assunto. Então, eu vejo que a internet foi fundamental nesse sentido para aproximar e trazer essa realidade de forma acessível. Também percebo que esse ‘contato direto’ foi essencial para desmistificar estigmas sobre diversos temas, inclusive, o próprio autismo, além de permitir a criação de redes de apoio”, finaliza Chimura.
O post Internet e autismo: Redes sociais desmistificam TEA e impulsionam inclusão; ‘Informação garante direitos’, diz especialista apareceu primeiro em BHAZ.