Cinco anos após a tragédia envolvendo a contaminação de cervejas da fabricante Backer, em Belo Horizonte, as vítimas seguem sem receber as indenizações previstas em acordo firmado com o Ministério Público de Minas Gerais (MPMG). Além disso, o processo criminal contra os responsáveis ainda não foi concluído e aguarda decisão judicial, segundo informações do Tribunal de Justiça de Minas Gerais (TJMG).
O episódio voltou a repercutir após a recente identificação de bebidas adulteradas com metanol em São Paulo, que provocaram ao menos três mortes nos últimos dias. Assim como ocorreu em Minas Gerais em 2020, o consumo das substâncias químicas pode causar insuficiência renal, cegueira e até a morte.
O caso Backer
A tragédia veio à tona quando consumidores da cerveja Belorizontina apresentaram sintomas de intoxicação. As investigações apontaram que os produtos foram contaminados por dietilenoglicol e monoetilenoglicol, substâncias tóxicas usadas como anticongelantes.
Ao todo, dez pessoas morreram e pelo menos 19 sofreram sequelas permanentes. Até hoje, nenhuma delas foi indenizada, e os réus seguem sem julgamento definitivo.
Processo criminal
Em setembro de 2020, o Ministério Público denunciou 11 pessoas, incluindo sócios-proprietários da Backer. Entre os crimes apurados estão lesão corporal, homicídio culposo e contaminação de produto alimentício. Em novembro de 2023, os réus foram ouvidos, mas um deles, Paulo Luiz Lopes, morreu após sofrer um acidente vascular cerebral.
Segundo a promotoria, os sócios assumiram o risco ao adquirirem o monoetilenoglicol, enquanto técnicos da cervejaria teriam responsabilidade por utilizar a substância no processo de produção e por não realizarem a manutenção adequada dos equipamentos.
O processo entrou em fase de alegações finais em agosto de 2025. No dia 26 de setembro, os documentos foram encaminhados ao juiz, mas ainda não há previsão para a sentença.
Acordo e indenizações
No âmbito cível, em 2023, o Ministério Público e a Cervejaria Três Lobos, responsável pela Backer, firmaram um acordo para o pagamento de R$ 500 mil a cada vítima e R$ 150 mil a familiares de primeiro grau. O prazo para quitação venceria no início de 2026, mas foi suspenso em razão da recuperação judicial da empresa. Até o momento, nenhum pagamento foi efetuado.
📷 Belorizontina, cerveja da Backer — Foto: Reprodução/TV Globo
📄 Fonte: g1 Minas