Em meio à tristeza pela perda de Lô Borges, seu irmão, Yé Borges, trouxe um pouco de esperança aos fãs ao revelar que o cantor deixou quatro discos inéditos prontos. A declaração foi feita durante o velório do artista, realizado no Palácio das Artes, em Belo Horizonte, nesta terça-feira (4).
Em entrevista à imprensa, Yé compartilhou que o material contém composições que refletem a genialidade e sensibilidade do artista mineiro. “Um cara cheio de planos, de sonhos, ele compunha compulsivamente… Ele costumava dizer: ‘Minha vida é compor, eu tenho que compor’”, relatou.
Embora os discos ainda não tenham data de lançamento, Yé assegurou que eles serão disponibilizados ao público. “Eles vão ser lançados, tem que ser lançados, porque essa obra não pode ficar engavetada. Tem que ser compartilhada, porque ele fez coisas geniais. Vamos ter que conversar com a produção e o produtor dele”, afirmou.
Yé também aproveitou a ocasião para recordar seu irmão com carinho, lamentando a perda para a música brasileira. “O Brasil perdeu um dos seus maiores compositores. Para mim, eu perdi um irmão com quem vivi minha infância. Nós compartilhamos muitas experiências juntos. A família perdeu uma pessoa querida, sempre de bom humor. E, para a música, foi uma perda imensa, porque Lô era um gênio. Não tenho modéstia nenhuma; ele era meu irmão, mas era realmente genial”, declarou.
O corpo de Lô Borges, um dos fundadores do Clube da Esquina, está sendo velado no hall de entrada do Palácio das Artes, com a cerimônia aberta ao público até às 15h. O artista faleceu em Belo Horizonte na noite de domingo (2), aos 73 anos, devido a falência múltipla de órgãos.
**Discografia e Legado**
Lô Borges nasceu em 10 de janeiro de 1952, em Belo Horizonte, e co-fundou o Clube da Esquina com Milton Nascimento e seu irmão Márcio Borges. O movimento, que se destacou na música popular entre as décadas de 1970 e 1980, foi nomeado em referência ao disco homônimo de 1972. Com influências que vão do rock ao jazz, passando pela bossa nova e tradições mineiras, o Clube da Esquina deixou um legado duradouro.
Em 2024, o álbum foi listado entre os dez melhores discos de todos os tempos pela revista norte-americana Paste Magazine e, em 2022, foi considerado o melhor da história da música brasileira pelo podcast Discoteca Básica.
O Clube da Esquina surgiu nas ruas Paraisópolis e Divinópolis, no bairro Santa Tereza, em Belo Horizonte, próximo à casa da família Borges. O movimento contou com grandes nomes como Toninho Horta, Beto Guedes, Fernando Brant, Wagner Tiso, Tavinho Moura e Ronaldo Bastos, e é lembrado por sua inovação e influência. Em 1978, o grupo lançou o segundo disco, ‘Clube da Esquina 2’.
Lô Borges foi responsável por composições que marcaram a Música Popular Brasileira (MPB) e atravessaram gerações, com melodias sofisticadas e letras poéticas, como ‘O Trem Azul’, ‘Um Girassol da Cor do Seu Cabelo’, ‘Tudo o Que Você Podia Ser’ e ‘Nada Será Como Antes’.
Ao longo de 53 anos de carreira, Lô lançou mais de 20 discos. Seu álbum solo de estreia, ‘Lô Borges’ (1972), conhecido como o “disco do tênis”, é considerado um dos mais importantes da música brasileira. Com 15 faixas, todas de sua autoria, algumas em parceria com Márcio Borges, Tavinho Moura e Ronaldo Bastos, o álbum contou com a participação de grandes nomes como Toninho Horta, Beto Guedes e Zé Geraldo.
Antes de sua falência, Lô continuava a realizar shows por Minas Gerais e pelo Brasil. No dia 25 de outubro, ele apresentaria a turnê ‘Esquina & Canções’ ao lado de Beto Guedes em Brasília.
Fonte: BHAZ
Foto: BHAZ

















