Um caso raro e pra lá de curioso surpreendeu estudantes de medicina de um internato no município de Mineiros, em Goiás, nesta semana. Uma jovem de 19 anos deu à luz gêmeos de pais diferentes após se relacionar com os dois homens no mesmo dia.
Em conversa com o BHAZ, o médico Túlio Franco, natural de Ituiutaba, em Minas Gerais, explica que o fenômeno se enquadra, a partir do relato da jovem, em uma “superfecundação heteropaternal”. Segundo o clínico, que acompanhou a gravidez dela de perto, os dois bebês, do sexo masculino, nasceram saudáveis e são semelhantes fisicamente.
“Ela disse que quando os nenéns nasceram pediu que o suposto pai registrasse as crianças, mas ele disse que só registraria após o exame de DNA. A criança ‘A’ era filha desse pai, mas a outra não. O exame foi repetido e deu o mesmo resultado. Foi quando ela contou que, no dia, ela se relacionou com outro rapaz. Um exame de DNA então constatou que a criança ‘B’ era filha desse segundo pai”, explicou o médico.
De acordo com o médico, no caso da superfecundação, o material genético dos pais é diferente, assim como os óvulos da mãe. Os bebês se desenvolvem na mesma gestação, mas cada um em uma placenta própria.
O BHAZ também conversou com a jovem, que preferiu não se identificar. Ela confirmou a realização dos exames de DNA, cujos resultados mostram pais diferentes para os bebês. Ao g1, ela disse que um dos pais assumiu as duas crianças e as registrou em cartório.
Gêmeos de pais diferentes: uma raridade
Mesmo com anos de experiência no assunto, o médico ficou surpreso quando soube dos gêmeos de pais diferentes. É que, segundo ele, só há 20 casos como esse notificados na literatura médica em todo o mundo.
“Eu já sabia disso porque eu leio, estudo e tudo mais. Mas pensava que jamais iria me confrontar com um caso desse, isso é raríssimo, a possibilidade disso acontecer é uma em um milhão”, revelou.
O caso segue sendo analisado em uma universidade da cidade e, em breve, deve ser publicado em uma revista científica da área. De acordo com Túlio, a equipe de pesquisadores ainda não descartou a hipótese de que tenha ocorrido um outro fenômeno, diferente da superfecundação heteropaternal.
“Existem duas situações diferentes que são a superfetação e a superfecundação hétero paternal. No primeiro caso, a mulher engravida em um dia e, depois de algumas semanas, ela ovula de novo, tem uma nova relação e coincide dela engravidar novamente. No caso da superfetação, como há distância entre as gestações, uma criança acaba nascendo prematura”, explica.
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