Um estudo da Fiocruz divulgado nesta segunda-feira (25) revela que jovens negros representam 73% dos óbitos por causas externas no Brasil, que incluem acidentes, violências e confrontos armados, mas não doenças naturais. A pesquisa, realizada pela Agenda Jovem Fiocruz e baseada em dados do SUS e do IBGE de 2022 e 2023, aponta desigualdade racial acentuada na juventude.
Os dados mostram que:
- Homens jovens são os mais atingidos por mortes externas, com a faixa de 20 a 24 anos apresentando 390 óbitos para cada 100 mil habitantes.
- Mulheres jovens são as principais vítimas de agressões notificadas pelo SUS, especialmente entre 15 e 19 anos.
- A taxa de mortalidade de jovens negros (pretos e pardos) chega a 185,5 para cada 100 mil habitantes, 22% maior do que a média da população jovem e mais de 90% superior à de jovens brancos e amarelos.
- Entre 15 e 19 anos, jovens negros e indígenas apresentam quase o dobro da taxa de mortalidade por causas externas em comparação a brancos e amarelos.
As agressões por armas de fogo e objetos cortantes são as principais causas de morte violenta. Para homens, o risco maior ocorre nas ruas (57,6%), enquanto para mulheres, os assassinatos acontecem principalmente dentro de casa (34,5%).
O estudo também revela que jovens com deficiência representam 20,5% das notificações de violência no SUS, sendo mais vulneráveis especialmente aqueles com transtornos mentais, de comportamento ou deficiência intelectual.
Segundo André Sobrinho, coordenador da Agenda Jovem Fiocruz, é fundamental considerar idade, raça e território ao elaborar políticas de enfrentamento da violência, destacando que a naturalização da violência contra jovens negros e periféricos ainda é um desafio estrutural no país.
Foto: Adobe Stock
Fonte: g1