Este mês é marcado pela Campanha Junho Laranja, que tem como objetivo chamar atenção e discutir doenças que afetam o sangue, como a anemia e leucemia. A ação busca informar a sociedade sobre alterações hematológicas, além de incentivar o diagnóstico correto e o tratamento precoce.
O professor e coordenador do curso de Enfermagem da Faculdade Pitágoras, Jederson Soares da Silva, comenta a importância da campanha para a conscientização da população. “A campanha vem para esclarecer a dimensão de doenças como anemia e leucemia para a população, pois ainda são temas que geram questionamento”, explica.
ANEMIA
A anemia caracteriza-se pela diminuição de glóbulos vermelhos (responsáveis pelo transporte do oxigênio dos pulmões para todo o corpo) presentes no sangue. Ela não é uma doença, mas sim uma condição, um sinal de que pode existir uma doença mais séria, como alterações genéticas ou complicações renais.
Os principais sinais e sintomas da anemia são fadiga, falta de ar aos mínimos esforços ou em repouso, palpitações, sonolência e confusão mental. Para o tratamento ter sucesso, é necessário realizar o correto diagnóstico e definir a causa que levou ao processo anêmico.
“Tais sintomas muitas vezes não são percebidos ligeiramente, por isso, a síndrome anêmica, ela causa impacto em atividades rotineiras, no trabalho e até mesmo no desenvolvimento educacional”, alerta Soares.
O tratamento consiste em reposição de sulfato ferroso (suplemento que reduz a deficiência do ferro no organismo, aumentando o nível de hemoglobina no sangue), vitaminas e em alguns casos até mesmo a transfusão sanguínea.
Para a prevenção, o Ministério da Saúde recomenda uma série de ações voltadas para o controle da anemia, como: acompanhamento médico de rotina pediátrico e adulto; o incentivo à amamentação exclusiva durante os primeiros seis meses de vida da criança; a promoção da alimentação complementar saudável e a suplementação profilática com ferro para crianças de seis a 24 meses de idade, gestantes e mulheres no pós-parto.
LEUCEMIA
A leucemia é o tipo mais comum de câncer entre crianças e adolescentes. De origem desconhecida, sua principal característica é o acúmulo de células doentes na medula óssea (localizada na cavidade dos ossos, onde é produzido as células sanguíneas: glóbulos brancos e vermelhos e as plaquetas) substituindo as células saudáveis.
Existem mais de 12 tipos de leucemia, sendo que os quatro primários são leucemia mieloide aguda (LMA), leucemia mieloide crônica (LMC), leucemia linfocítica aguda (LLA) e leucemia linfocítica crônica (LLC). Dados do Instituto Nacional de Câncer (INCA) apontam que para cada ano do triênio 2020-2022 serão diagnosticados mais de 10 mil casos novos de leucemia no Brasil, sendo 5.920 em homens e 4.890 em mulheres.
“Não existem formas de evitar a leucemia, pois ela é ocasionada por fatores genéticos desconhecidos, o quanto antes for feito o diagnóstico melhor. Uma vida sem exageros seguindo uma dieta saudável pode auxiliar na redução de riscos à saúde para doenças que ultrapassam a leucemia”.
Após o diagnóstico da leucemia, a depender das condições clínicas do paciente (idade, presença de outras doenças, ou capacidade de tolerar a terapia), o médico indica o melhor tratamento, que pode incluir até o transplante de medula óssea – apesar de não ser indicado em todos os casos, mostra-se bastante promissor. Trata-se da substituição da medula doente por células saudáveis de um doador, com objetivo de retomar a produção normal das células do sangue.
SEJA UM DOADOR
“É importante reforçar que um único doador pode manifestar interesse para doação de medula óssea, essa atitude precisa ser disseminada a população de forma educativa e engajada, assim, alcançaremos mais pessoas que precisam dessa esperança”, pontua o professor da Faculdade Pitágoras.
A seguir, confira o que é preciso para ser um doador.
Doação de sangue: segundo o Ministério da Saúde, podem doar pessoas na faixa etária de 16 a 69 anos (para quem tem entre 16 e 18 anos, é necessário o consentimento dos responsáveis. Candidatos à doação com idades entre 60 e 69 anos só podem doar se já tiverem doado antes dos 60). O doador precisa pesar no mínimo 50kg e estar em bom estado de saúde.
No momento da doação, o candidato deve estar descansado, não pode estar em jejum, nem pode ter ingerido bebidas alcoólicas ou fumado nas 12 horas anteriores. Uma pessoa adulta tem em média cinco litros de sangue no organismo, e em uma doação são coletados no máximo 450 ml. A reposição do volume de plasma ocorre em 24 horas e a dos glóbulos vermelhos em quatro semanas.
Os homens podem doar sangue quatro vezes por ano (com intervalo de dois meses entre as doações), já as mulheres podem doar três vezes ao ano (com intervalo de três meses entre as doações). A vontade de doar sangue deve ser 100% voluntária, altruísta e não remunerada (direta ou indiretamente), independentemente de parentesco.
Doação de medula óssea: para ser um doador de medula óssea é necessário fazer o cadastro nos hemocentros conhecidos como bancos de sangue públicos. Há diversos deles espalhados por todo o Brasil. Os dados são agrupados em um registro único e nacional, chamado REDOME. Uma pequena amostra de sangue será retirada do voluntário, para ser analisada. Se os dados genéticos forem compatíveis com algum paciente à espera de transplante, o doador será chamado para a doação.
Segundo o REDOME, a doação é feita em centro cirúrgico, com a retirada da medula do interior de ossos da bacia, por meio de punções sob anestesia peridural ou geral, e requer internação por 24 horas. O procedimento leva em torno de 90 minutos e a medula óssea do doador se recompõe em apenas 15 dias. Nos primeiros dias o doador pode sentir um certo desconforto, e geralmente retomam suas atividades normais dentro de uma semana.
Há ainda outro procedimento em que o doador faz uso de uma medicação por cinco dias, com o objetivo de aumentar o número de células-tronco (células mais importantes para o transplante de medula óssea) do sangue. Após esse período, a pessoa faz uma doação semelhante à doação de sangue, em uma máquina que separa as células tronco que serão utilizadas pelo paciente doente. Neste tipo de doação, não há necessidade de internação. O método de doação mais adequado é definido pelos profissionais médicos me cada caso.
O Brasil tem o terceiro maior banco de doadores de medula óssea do mundo, com cerca de 5,4 milhões de voluntários cadastrados.