A primeira audiência de instrução do julgamento de Renê da Silva Nogueira, empresário acusado de matar o gari Laudemir de Souza Fernandes durante uma discussão no trânsito, começou às 9h15 desta terça-feira (25), no 1º Tribunal do Júri Sumariante, em Belo Horizonte. O caso aconteceu em agosto deste ano e teve grande repercussão no estado.
A sessão foi realizada no Fórum Lafayette, na Avenida Augusto de Lima, no Barro Preto, e se estendeu até por volta de 13h30. Ao todo, oito testemunhas de acusação foram ouvidas — entre elas, quatro colegas de trabalho da vítima que presenciaram o crime. Uma delas, a motorista do caminhão de coleta, relatou que também foi ameaçada pelo réu no dia da ocorrência.
“O que ele fez com a gente ali foi uma discriminação. Ele exerceu todo o poder socioeconômico dele, discriminando até nossa profissão. Ele achou que poderia agir daquela forma e sair ileso”, afirmou a motorista.
Outro colega de Laudemir reforçou a expectativa pelo desfecho do julgamento: “Esperando que a Justiça bata o martelo. Que ele reflita o que fez com um trabalhador que não fez nada com ele e perdeu a vida”.
As demais testemunhas ouvidas foram agentes da Polícia Civil e um policial militar que atuaram na investigação e no atendimento à ocorrência.
O advogado da família do gari, Tiago Lenoir, destacou que todos os relatos colhidos reforçam que a vítima não representava ameaça. “Todas as testemunhas foram perguntadas: o que tinha nas mãos do Laudemir? Um saco de lixo. Ele estava apenas trabalhando quando foi atingido por um disparo que o matou na hora”, afirmou.
A defesa do empresário informou que só se manifestará após o encerramento de todas as audiências.
Próximas etapas
A continuidade da instrução está marcada para esta quarta-feira (26), quando serão ouvidas seis testemunhas de defesa. O interrogatório do réu também poderá ocorrer, dependendo do andamento dos depoimentos.
O processo ainda registra que a Justiça negou o pedido para que a companheira da vítima atuasse como assistente de acusação, devido à ausência de documentos que comprovassem a união estável.
A defesa de Renê anexou ao processo diversos certificados e diplomas com o objetivo de contestar informações divulgadas pela imprensa sobre a formação acadêmica do acusado. Entre os documentos, há certificados emitidos por instituições como Estácio de Sá, USP, Fundação Dom Cabral, Harvard Business Review Brasil e Ambev.
Relembre o caso
O crime ocorreu em 11 de agosto, quando Renê da Silva Nogueira Júnior, irritado pelo bloqueio de via causado por um caminhão de coleta de lixo, discutiu com os trabalhadores e atirou contra Laudemir Fernandes, que segurava um saco de lixo no momento em que foi atingido. O gari morreu no local.
O empresário confessou o crime durante depoimento posterior no Departamento de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP). A perícia confirmou que a arma usada pertencia à esposa do réu, a delegada Ana Paula Lamego Balbino.
O julgamento segue em andamento e deve definir o destino do acusado nas próximas etapas do processo.
Fonte da matéria: g1 Minas
Foto: Reprodução/TV Globo / g1 Minas
















