Uma pesquisa realizada na Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) apontou dificuldades na busca por ajuda psicológica de lésbicas, gays e bissexuais, principalmente em cidades pequenas, no interior do estado.
Segundo o levantamento, nem sempre os profissionais conseguem ter a sensibilidade para tratar as questões ligadas à da orientação sexual, por serem aspectos muito próprios do público LGBTQIA+.
O trabalho também apontou para a necessidade de capacitar os profissionais de saúde e repensar estratégias de ampliação dos serviços de prevenção, promoção e recuperação da saúde mental dessa população.
As conclusões são de uma tese de doutorado que investigou a importância do suporte familiar, da idade e do gênero na análise do desenvolvimento da identidade sexual e da saúde mental desse público.
Segundo o autor da pesquisa, Samuel Lima, em municípios pequenos a possibilidade de escolha de um especialista é muito restrita.
“Para pessoas que moram em centros menores, que tenham menos disponibilidade de profissionais, o risco de cair em um profissional que não tenha nenhuma tipo de sensibilidade é muito maior do que para a gente que está na cidade grande, em que você vai ao psicólogo ou psiquiatra e sente que funcionou. Quando você está na cidade pequena, você não tem essa disponibilidade profissional e você tem que lidar com o profissional que está ali disponível”, disse Lima.
Outro ponto que reforça essa necessidade é que os sofrimentos mentais são mais prevalentes entre lésbicas, gays e bissexuais, em comparação com a população em geral. Segundo o levantamento, mulheres e pessoas mais jovens compõem o grupo de indivíduos mais propensos à depressão.
A pesquisa mostrou que os mais velhos têm menos risco de depressão e que os piores resultados da saúde mental dos participantes do público LGBTQIA+ são motivados pelo estigma e pelo preconceito, como explica o autor do estudo, Samuel Gomes.
“Por causa de algumas características que você tem, e a sexualidade é uma delas, isso te deixa em um estado de alerta constante. Como você tentar falar o mínimo possível, pra não mostrar uma voz que não performa uma voz de masculinidade, tentar se mover o mínimo possível. A gente teve casos, nas entrevistas, de pessoas que não faziam perguntas na sala de aula, para não ser motivo de chacota, então isso vai gerando essas questões que vão afetando e te colocando em um estado de alerta que gera um nível de tensão, que ela acaba se tornando crônico”.
O estudo foi executado por meio de uma pesquisa com 754 lésbicas, gays e bissexuais residentes em Minas Gerais, em 2019.
Fonte: UFMG.