Você já recebeu ligações em excesso feitas por números de celular muito semelhantes ao seu? Esse tipo de chamada, que geralmente provém de números em que apenas os quatro últimos dígitos diferem, se tornou uma preocupação para muitos usuários. Na maioria das vezes, essas ligações não são realmente originadas dos números que aparecem na tela do celular. Elas são manipuladas por meio de uma técnica conhecida como “spoofing numérico”, que pode ser executada com o auxílio de programas de computador.
Atualmente, esse problema deve ser resolvido até 2028, prazo estipulado pela Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel) para que as operadoras implementem um sistema de autenticação em suas chamadas. O termo “spoofing” significa “falsificação” em inglês e, no contexto das ligações, refere-se à modificação do número de telefone do chamador para que ele se disfarce como uma linha telefônica comum, induzindo a vítima a atender.
A adulteração das chamadas é frequentemente realizada através de servidores VoIP (Voz sobre Protocolo de Internet), que possibilitam a conexão à rede de telefonia via internet. Esses servidores são usados para gerenciar ramais em empresas, mas também atraem pessoas com intenções maliciosas, já que permitem a alteração do número de origem.
Alguns programas VoIP têm a capacidade de alterar os metadados da ligação, que são informações complementares relacionadas ao chamado. Isso inclui o nível de prioridade, a presença de mensagens pré-gravadas e o Caller ID, que é o número de origem da chamada. Ao modificar o número, os verdadeiros responsáveis podem se esconder e tentar aplicar golpes. Em algumas situações, as ligações podem ser mudas, indicando que se tratou de uma chamada descartada de call centers ou que a intenção era verificar se o número da vítima estava ativo.
A solução definitiva para o problema das chamadas indesejadas é a autenticação de ligações, um sistema criado pela Anatel em parceria com operadoras, atualmente em fase de implementação por empresas, como bancos e call centers. A partir de 17 de novembro, chamadas de empresas que realizam mais de 500 mil ligações mensais deverão exibir um selo de autenticidade na tela do celular, indicando que o número foi validado pelo sistema da Anatel. O objetivo é proteger os consumidores de fraudes e chamadas indesejadas, mas a exigência para que todas as ligações sejam autenticadas começará somente em 2028.
Enquanto a autenticação não é aplicada a todas as chamadas, os usuários podem adotar algumas medidas para tentar reduzir as ligações indesejadas. Uma delas é o serviço “Não Me Perturbe”, que bloqueia ligações de operadoras de telefonia e bancos legítimos, disponível no site da Anatel. Entretanto, esse serviço não impede chamadas de golpistas ou de empresas de outros setores.
Para usuários de Android, existem recursos que identificam e bloqueiam uma boa parte das chamadas suspeitas, acessíveis nas configurações do dispositivo. O iPhone também oferece um recurso que permite atender chamadas automaticamente com um robô. Outra alternativa é baixar aplicativos como Whoscall e Truecaller, que ajudam a identificar e bloquear chamadas, embora alguns recursos possam ter custos associados. Como último recurso, os usuários podem optar por bloquear chamadas de números desconhecidos, mas essa ação pode resultar na perda de chamadas importantes.
A Anatel recomenda que os consumidores registrem reclamações em seu site caso o problema persista.
Fonte: g1
Crédito da foto: Thalita Ferraz