Losartana vicia? Por quanto tempo pode tomar? Genérico mais vendido do Brasil escancara problema de saúde pública; entenda

Por Dentro De Tudo:

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A losartana, hoje o genérico mais vendido do país, ultrapassando analgésicos populares, tornou-se símbolo de um retrato nacional: um Brasil hipertenso, sedentário, diagnosticado tardiamente e dependente de medicamentos para controlar um problema que nasce fora das farmácias. Três em cada dez adultos têm pressão alta, e a nova diretriz brasileira, que classifica 12×8 como pré-hipertensão, ampliou ainda mais o grupo de risco. Para especialistas, o predominante uso da losartana não apenas reflete o envelhecimento da população, mas revela falhas estruturais em prevenção, acompanhamento contínuo e hábitos básicos de saúde.

O remédio age bloqueando o receptor que contrai os vasos sanguíneos, ajudando a estabilizar a pressão. É seguro, acessível, nacional e distribuído pelo SUS — fatores que ampliam a adesão. Diferentemente do que muitos acreditam, a losartana não causa dependência e pode ser usada por longos períodos, desde que sob orientação médica. Ainda assim, cardiologistas alertam que o efeito do comprimido não substitui o diagnóstico adequado nem trata a causa da hipertensão, que pode envolver distúrbios do sono, alimentação rica em sal, estresse crônico, obesidade ou doenças renais.

O uso sem acompanhamento, relatam médicos, se tornou comum: muitos recorrem ao medicamento após verem familiares utilizarem ou após um episódio isolado de pressão alta — atitude que pode mascarar problemas graves. Mesmo eficaz, a losartana não cura a doença; apenas controla seus números. E o país, dizem os especialistas, continua tratando mais do que prevenindo, chegando tarde a diagnósticos que poderiam evitar danos cardiovasculares.

Apesar de episódios passados envolvendo recalls de lotes contaminados, análises recentes confirmaram a segurança do medicamento fabricado hoje. Para especialistas, o principal risco não está na losartana, mas na crença de que ela basta. A melhora sustentada depende de mudanças de longo prazo, como redução do consumo de sal, prática regular de exercícios, sono adequado e monitoramento da pressão, medidas que seguem sendo o maior desafio de saúde pública no Brasil.

Crédito da matéria: g1 (texto adaptado em versão resumida)

Crédito das fotos: Reprodução / g1 / Redes sociais / Freepik / Estadão Conteúdo

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