Moto caída, motociclista deitado no asfalto e equipes do Samu ou Bombeiros prestando socorro. A cena urbana se repete 31 vezes por dia em Minas, conforme a média de internações após acidentes envolvendo veículos de duas rodas nos últimos anos.
Homens de 20 a 29 anos são os que mais ficam feridos – muitos em estado grave e, não raro, com sequelas para o resto da vida. O alerta para os riscos dessas ocorrências volta a ganhar força com o Maio Amarelo, mês de conscientização sobre segurança viária.
Dados da Secretaria de Estado de Saúde (SES-MG) mostram que de 2015 a 2023 foram registradas 91.722 hospitalizações de pessoas que usam a moto para o transporte, trabalho ou lazer.
A maioria dos sinistros é registrada na capital, que concentra a maior frota. Ao todo, 7.304 motociclistas mineiros morreram nos últimos oito anos.
“O maior registro de óbitos nessa população de adultos-jovens pode ser atribuído, muitas vezes, ao fato de os condutores não estarem totalmente capacitados para conduzir o veículo sem riscos. A impulsividade é característica nessa faixa etária e se une à necessidade de autoafirmação perante seus pares, com o não uso de equipamentos de segurança, o hábito de violar normas de segurança e o desrespeito às leis, bem como o fato de misturar álcool e outras drogas com a direção”, afirma a coordenadora de Vigilância de Doenças e Agravos não Transmissíveis da SES-MG, Sandra de Souza.
Várias ações necessárias
O relatório apresentado pela SES mostra que desde a pandemia da Covid-19, em 2020, houve aumento da circulação de motocicletas e bicicletas no Estado, de modo a suprir a necessidade dos serviços de entrega. Em 2023, as motos foram os veículos mais procurados para financiamento em Minas. Com isso, também aumentaram os acidentes.
Diretor científico da Associação Mineira de Medicina do Tráfego (Ammetra), Alysson Coimbra reforça que o serviço de delivery se consolidou e requer atenção especial, assim como o de transporte por mototáxi.
O médico afirma que a ação mais urgente para tentar barrar o número de acidentes é rever a formação dos novos pilotos. “Hoje, os motociclistas são treinados em circuitos fechados, totalmente diferente do que vão encontrar nas ruas. O treinamento é para tirar a carteira, e não para pilotar no trânsito”.
Para ele, enquanto os problemas persistirem, os números vão seguir nas alturas. “São milhares de pessoas que ficam com sequelas motoras graves de forma definitiva”. O especialista destaca ainda que os casos elevam os gastos públicos, pagos pela própria população. “Onera o SUS (Sistema Único de Saúde) com o resgate, internação e reabilitação. Em alguns casos, sobrecarrega até o sistema previdenciário”.
Para o Estado, as lesões e óbitos no trânsito podem ser evitados com a adoção de medidas de segurança de maneira integral, que demandam o envolvimento de vários setores, como transporte, segurança pública, saúde e educação. Neste link é possível saber mais informações sobre a campanha Maio Amarelo.
Fonte: Hoje em Dia.