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Mais de 9 milhões não terminaram a educação básica, mas 73% desejam retornar

Por Dentro De Tudo:

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Ângela Mathylde Soares*

A pesquisa “Juventudes fora da escola”,  realizada pela Fundação Roberto Marinho e Itaú Educação e Trabalho, revelou novas estatísticas sobre a realidade da educação brasileira. O resultado aponta que mais de 9 milhões de jovens, entre 15 e 29 anos, não terminaram a educação básica, composta pela educação infantil, ensino fundamental e médio e, 27% deles, equivalente  a aproximadamente 2,5 milhões, não têm nenhum interesse em retomar. 

O abandono e evasão escolares são práticas comuns em diferentes níveis de educação. O primeiro consiste no ato de não frequentar aulas, mas ainda sim, voltar a se matricular no próximo ano, já o segundo, é quando o registro para retorno não ocorre, indicando que não existe o interesse de continuar estudando.

A sondagem ainda mostra que a maior parte dos afastamentos vem de homens (58%) e negros (70%), sendo que 43% deles, sequer, chegaram a concluir o ensino fundamental e 84% trabalham. Entretanto, a maioria (69%) se encontra em um cargo informal, ou seja, sem carteira assinada ou qualquer vínculo empregatício.

As justificativas são diversas e, muitas vezes, ligadas a responsabilidades diárias, principalmente, decorrente da necessidade de conseguir um emprego para ajudar a família; a falta de tempo; gravidez na adolescência; doenças; transtornos como a depressão e ansiedade; reprovações e a falta de interesse ou a baixa conexão com a escola.

Os motivos são confirmados pelo estudo, que mostra o trabalho, como o principal culpado. Os homens são os que mais abdicam da escola,  representando  40% dos entrevistados, contra 15% delas. Em compensação, o segundo principal motivo seria a necessidade de cuidar da família, que nesse caso, a responsabilidade fica com elas, sendo que, 8 em cada 10 participantes são mães, determinante para o distanciamento de 34% delas, contra 8% deles.


Outra explicação pouco abordada, mas válida, a ponto de ser listada na tabela,  seria a vergonha pela idade, porque essas pessoas passaram muito tempo longe dos estudos. Agora, estão em uma faixa etária mais avançada em relação aos outros alunos e distante da faixa etária média para determinado ano escolar. O sentimento é quase unânime entre ambos os sexos, equivalente a 3% das mulheres e 2% dos homens partícipes.

Entretanto, essas pessoas não deveriam se preocupar, afinal, o governo está ciente da realidade nacional e, desde 1996, a Educação de Jovens e Adultos (EJA), consta na lei. A modalidade de ensino é presencial e à distância (EAD), destinada a jovens, adultos e idosos que não tiveram acesso à educação em idade apropriada, permitindo que retomem os estudos e possam concluir, em um período de tempo menor. Como resultado, ainda garantem a qualificação necessária para procurar por melhores oportunidades de emprego.


A opção está disponível para aqueles que decidem retornar e o número é bastante elevado, correspondendo a 73% dos jovens participantes da entrevista. A maior parte é feminina (78%) e 69% deles. A  preferência é pelo sistema de ensino médio técnico, propiciando ainda uma especialização.

Nunca é tarde demais para voltar a estudar. O ensino expande horizontes e muda vidas com a definição de objetivos e sonhos, garantindo melhor qualidade de vida com maior capacitação e oportunidades.

Devido ao grande número de evasões, o governo lançou o programa “Pé-de-meia” para mais de 2 milhões de alunos, membros de famílias inscritas no Bolsa Família, servindo como incentivo para continuarem frequentando as classes, durante o ensino médio, com um bônus para quem completar.

*PHD em neurociências, psicopedagoga e professora

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