Dados preliminares do Censo Demográfico de 2022, divulgados pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) nesta quinta-feira, revelam que mais de um terço dos trabalhadores no Brasil, especificamente 35,3%, recebe até um salário mínimo. Em contrapartida, a renda está concentrada em uma parcela menor da população, com apenas 7,6% das pessoas ocupadas recebendo rendimentos superiores a cinco salários mínimos, o que equivale a R$ 6.060 em 2022. Esses percentuais apresentaram uma queda em relação ao Censo de 2010, quando 36,4% dos trabalhadores recebiam até um salário mínimo e 9,6% tinham rendimentos acima de cinco salários mínimos.
Ao analisar as diferenças de gênero, cor, raça ou região, os dados de 2022 indicam que os maiores rendimentos estão concentrados entre homens, pessoas brancas e amarelas, além de moradores das regiões Centro-Sul do país. O Censo do IBGE considera uma pesquisa sobre rendimento do trabalho realizada entre 25 e 31 de julho de 2022, quando o salário mínimo era de R$ 1.212. Foram consideradas ocupadas as pessoas de 14 anos ou mais que trabalharam ao menos uma hora ou estavam temporariamente afastadas de uma atividade remunerada.
A faixa de renda mais comum entre os trabalhadores é a que vai de mais de um salário mínimo até dois salários, abrangendo 32,7% da população ocupada. Os dados também mostram que a menor parcela de trabalhadores, apenas 0,7%, possui renda superior a 20 salários mínimos, ou seja, R$ 24.240 ou mais.
As diferenças regionais nos rendimentos são significativas, refletindo a distribuição das atividades econômicas pelo Brasil. O rendimento nominal médio mensal de todos os trabalhos é de R$ 2.851. Nas regiões Norte e Nordeste, os trabalhadores recebem, respectivamente, R$ 2.238 e R$ 2.015, o que representa 78,5% e 70,7% da média nacional. Por outro lado, a região Centro-Oeste apresenta o maior rendimento do país, com R$ 3.292, superando em 16,7% a média nacional. As regiões Sudeste e Sul também apresentam rendimentos acima da média, com R$ 3.154 e R$ 3.190, respectivamente.
A análise por unidades da federação revela que 18 estados têm rendimento nominal médio mensal abaixo da média nacional. As menores médias foram registradas no Maranhão (R$ 1.855), Piauí (R$ 1.905) e Bahia (R$ 1.944), todos na Região Nordeste. Em contraste, os maiores rendimentos foram observados no Distrito Federal (R$ 4.715), São Paulo (R$ 3.460) e Santa Catarina (R$ 3.391), evidenciando a concentração de atividades econômicas mais bem remuneradas em certas áreas do país.
A análise dos dados por sexo e cor ou raça destaca as desigualdades estruturais no mercado de trabalho brasileiro. Em 2022, os homens tiveram um rendimento médio mensal de R$ 3.115, 24,3% superior ao das mulheres, que receberam R$ 2.506. Os rendimentos dos homens superam os das mulheres em todos os níveis de escolaridade. Em termos de cor ou raça, pessoas amarelas (R$ 5.942) e brancas (R$ 3.659) têm rendimentos acima da média nacional, enquanto pardos (R$ 2.186) e pretos (R$ 2.061) ficam abaixo. Os indígenas registram o menor rendimento médio, com R$ 1.683.
O Brasil apresentou um Índice de Gini de 0,542 em 2022, um indicador utilizado para medir a desigualdade na distribuição de renda. O índice varia de 0 a 1, sendo que quanto mais próximo de 0, maior a igualdade, e quanto mais próximo de 1, maior a concentração de renda. As regiões Norte (0,545) e Nordeste (0,541) apresentaram os maiores índices, onde os rendimentos médios domiciliares per capita são os mais baixos do país. A Região Sul teve o menor índice (0,476), indicando uma distribuição de renda mais equilibrada, enquanto Sudeste (0,530) e Centro-Oeste (0,531) ficaram em posições intermediárias.
Os dados preliminares do Censo 2022 também indicam que o nível de ocupação entre pessoas com 14 anos ou mais é de 53,5% no Brasil, uma queda em relação ao Censo de 2010, que registrou 55,5%. As Regiões Sul (60,3%), Centro-Oeste (59,7%) e Sudeste (56%) apresentaram os maiores índices, enquanto Nordeste (45,6%) e Norte (48,4%) registraram os menores. Entre as unidades da federação, Santa Catarina (63,5%), Distrito Federal (60,4%), Mato Grosso e Paraná (60,3%) tiveram os níveis mais elevados, enquanto Piauí (43%), Paraíba (43,5%) e Maranhão (43,6%) apresentaram os menores percentuais.
Crédito da foto: Renato S. Cerqueira/Futura Press/Estadão Conteúdo
Fonte: g1