A Companhia de Saneamento de Minas Gerais (Copasa) apertou o cerco contra as ligações clandestinas de água após um 2020 com fiscalizações mais brandas. No primeiro semestre de 2021, a média diária de infrações registradas pela autarquia cresceu 40% em relação ao ano passado – atualmente, são contabilizadas 53 ocorrências a cada 24 horas.
Ao todo, o estado conta com 4,4 milhões de ligações de água. Deste total, segundo o órgão, 300 mil são irregulares, o que corresponde a 7%. A Grande BH é responsável por quase metade dos “gatos”, com 120 mil instalações clandestinas.
No ano passado, houve 14 mil flagrantes de ligações irregulares e hidrômetros adulterados. Até julho de 2021, foram 9,7 mil, e a expectativa da autarquia é a de que esse número chegue a 16 mil em dezembro.
Depois de um período de fiscalização afetado por conta da pandemia, a Copasa pretende correr atrás do tempo perdido e intensificar as ações de combate às fraudes. Na semana passada, em parceria com a Polícia Civil, a companhia realizou uma operação em Contagem, na região metropolitana, onde cumpriu mandados de busca e apreensão em nove endereços.
O delegado Guilherme Saback acredita que funcionários da companhia estejam envolvidos no crime – um deles, inclusive, teria sido demitido há duas semanas. “Caía no sistema uma ordem de serviço de ligação ou religação e, ao contrário de comparecer ao endereço e cumprir com seu dever, ele começava a negociar para fornecer”.
Furto de água é crime previsto no Código Penal e pode resultar em até oito anos de prisão. Os infratores também estão sujeitos a outras penalidades, entre multas, juros e o corte imediato do fornecimento. Além disso, quem paga a conta pelos “gatos” são os consumidores regularizados.
“A agência reguladora embute na tarifa os custos de produção e distribuição de água, então é rateado para todos os clientes. Quando há uma ligação fraudada, os custos operacionais são reconhecidos e divididos, entrando no reajuste tarifário, de forma que seja mitigada essa questão”, explicou o gerente de hidrometria da Copasa, Valter Lucas.