Uma menina de 13 anos foi alvo de ataques verbais e preconceito por parte de colegas na Escola Estadual Ali Halfeld, em Juiz de Fora, na Zona da Mata mineira, após iniciar sua participação no Candomblé há cerca de dois meses. Segundo a família, os episódios começaram quando a estudante passou a frequentar as aulas usando roupas brancas, pano de cabeça e fios de conta — símbolos tradicionais das religiões de matriz africana.
O irmão da vítima, Philipe Britto, de 24 anos, relatou que a jovem foi chamada de “macumbeira” e questionada sobre estar “doente” por estar com a cabeça raspada. Além disso, passou a ser isolada das rodas de conversa entre os colegas. Ao procurar a direção da escola, Philipe afirma ter sido recebido por uma coordenadora que, embora se dissesse contrária ao preconceito, demonstrou falas de cunho religioso. Ele classificou o episódio como um caso de “racismo institucional”.
Durante a visita, a família também observou a presença de uma Bíblia aberta e de um crucifixo na entrada da escola, símbolos que foram retirados após a denúncia. Dois dias depois, o irmão foi novamente convidado à escola, onde o diretor — que se apresentou como cientista da religião — reconheceu a gravidade da situação e prometeu implementar ações educativas sobre diversidade e respeito.
A Secretaria de Estado de Educação de Minas Gerais informou que todas as medidas cabíveis foram tomadas e afirmou repudiar qualquer forma de discriminação. Segundo a pasta, a unidade escolar vai realizar atividades pedagógicas voltadas ao respeito à diversidade religiosa e à pluralidade cultural.
A lei brasileira garante a liberdade de crença e a proteção aos locais e ritos religiosos. Desde 2023, com a sanção da Lei 14.532, atos de intolerância religiosa passaram a ser equiparados ao crime de racismo, com penas de dois a cinco anos de prisão, além de multa.
Crédito da reportagem: Bruno Luis Barros
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