Menino morre após procedimento para retirar grão de milho do nariz, e família denuncia erro médico

Por Dentro De Tudo:

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A morte do pequeno Ravi de Souza Figueiredo, de apenas 2 anos, comoveu a cidade de Goiatuba, no sul de Goiás, e agora é alvo de investigação da Polícia Civil. A criança morreu no dia 5 de abril deste ano após colocar um grão de milho no nariz. A família denuncia erro médico no atendimento prestado no Hospital Municipal da cidade, e um laudo pericial confirma que o procedimento usado para retirar o objeto foi incorreto e causou ferimentos internos graves.

Segundo o pai, Josenilson da Silva Figueiredo, Ravi era uma criança saudável, alegre e cheia de energia. No dia do ocorrido, ele colocou um caroço de milho de pipoca na narina e avisou aos pais. Após tentativas frustradas de retirar o grão em casa, a família levou o menino ao hospital local.

Conforme relatado pelos pais, a equipe médica tentou retirar o grão com uma pinça, sem sucesso. Na sequência, usaram uma cânula de borracha com ar comprimido para tentar expelir o objeto — procedimento que não é recomendado para esse tipo de situação, segundo especialistas. Pouco depois, a criança vomitou e apresentou inchaço abdominal. Ainda assim, foi medicada com remédio para gases, ficou algumas horas em observação e recebeu alta.

Horas após voltar para casa, Ravi começou a demonstrar sinais de piora: estava fraco, não conseguia falar e apresentava um desconforto evidente. Levado novamente ao hospital, foi avaliado por um pediatra que recomendou a transferência imediata para Goiânia. No caminho, a criança teve uma parada respiratória e morreu no Hospital Municipal de Hidrolândia.

O laudo da Polícia Científica apontou que a causa da morte foi insuficiência respiratória aguda, provocada pelo rompimento do pulmão e do estômago. O delegado responsável pelo caso, Sérgio Henrique Alves, confirmou que o procedimento usado no atendimento inicial foi inadequado.

“Na hora de tirar o grão de milho, foi utilizada uma técnica não usual — a introdução de uma cânula de ar comprimido nas vias aéreas da criança. Isso fez com que o ar entrasse com muita força no pulmão e no estômago, provocando o rompimento desses órgãos”, explicou o delegado.

A investigação foi instaurada como homicídio culposo por imperícia médica. No entanto, os advogados da família pedem o enquadramento por homicídio doloso indireto, quando se assume o risco de provocar o resultado.

Em nota, o Hospital Municipal de Goiatuba informou que está colaborando com as investigações e reforçou o compromisso da unidade com a ética e a responsabilidade no atendimento. A Prefeitura de Hidrolândia, onde a criança faleceu, não respondeu aos questionamentos até a última atualização desta reportagem.

Abalada, a família exige justiça. “O Ravi estava bem, respirando normalmente, até conversando. É muito difícil aceitar. A dor é imensa. A gente quer justiça”, disse o pai, emocionado.

O caso também levanta debates sobre a capacitação das equipes de saúde para lidar com situações de emergência envolvendo crianças pequenas. Especialistas reforçam a importância de protocolos seguros, especialmente em atendimentos pediátricos.

A Polícia Civil segue ouvindo testemunhas e aguardando novos pareceres técnicos. A morte do menino expõe não apenas uma tragédia familiar, mas também falhas graves que precisam ser apuradas com rigor.

Fonte: G1

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