Metanol x etanol: qual é a diferença e por que há risco de envenenamento

Por Dentro De Tudo:

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Recentes mortes registradas após o consumo de bebidas alcoólicas adulteradas em cidades do estado de São Paulo levantaram questionamentos sobre a diferença entre etanol e metanol. O etanol é o tipo de álcool encontrado em bebidas alcoólicas, além de estar presente em produtos de uso doméstico, combustíveis e antissépticos. Por outro lado, o metanol também é um álcool, mas suas características, embora semelhantes às do etanol, tornam-no extremamente impróprio para o consumo humano.

As fórmulas químicas do etanol e do metanol são diferentes: o etanol possui a fórmula C₂H₆O, enquanto o metanol é representado por CH₃OH. A principal diferença entre eles é que o etanol contém dois átomos de carbono, enquanto o metanol possui apenas um. Essa diferença estrutural é crucial, pois torna o metanol muito mais tóxico quando ingerido, sendo processado de maneira distinta pelo organismo.

Embora o metanol não seja seguro para consumo humano, ele possui diversas aplicações na indústria. É utilizado na fabricação de formaldeído, ácido acético, tintas, solventes e plásticos, além de estar presente em produtos como anticongelantes e limpa-vidros. No Brasil, o metanol é uma matéria-prima importante na produção de biodiesel, mas não deve ser comercializado diretamente para consumo humano.

O etanol, por sua vez, é versátil e suas aplicações variam conforme a concentração. Em concentrações abaixo de 20%, é encontrado em bebidas leves, enquanto entre 20% e 50% é utilizado em bebidas fortes e cosméticos. Em concentrações de 70%, é utilizado como antisséptico, e entre 95% e 99%, como combustível e em usos laboratoriais.

A toxicidade do metanol está relacionada à sua metabolização no corpo. O etanol é convertido em acetaldeído, que, embora tóxico, é rapidamente transformado em acetato, uma substância que gera energia. Em contraste, o metanol é metabolizado em formaldeído e, posteriormente, em ácido fórmico, que é prejudicial às mitocôndrias, as centrais energéticas das células. Isso pode levar a uma condição chamada acidose metabólica, caracterizada pelo acúmulo excessivo de ácido no corpo.

Os sintomas de envenenamento por metanol incluem náuseas, vômitos e dor abdominal, além de depressão do sistema nervoso central, que pode resultar em inconsciência e coma. Danos à retina, que podem levar à perda da visão, também são uma consequência grave, uma vez que as retinas são altamente sensíveis a danos.

Embora a morte não seja inevitável após a ingestão de pequenas quantidades de metanol, o tratamento rápido é essencial para minimizar os danos. O tratamento envolve cuidados de suporte, como intubação e ventilação mecânica, além de medicamentos que inibem a produção de ácido fórmico e diálise para remover o metanol do corpo.

Recentemente, bebidas contaminadas com metanol resultaram na morte de duas pessoas em São Paulo, e uma terceira morte está sob investigação.

Reprodução/TV Globo/Fantástico
Fonte: g1.globo.com

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