Minas Gerais passa a contar com um novo mecanismo para entender melhor a violência praticada contra mulheres no estado. A partir de agora, todos os registros desse tipo de ocorrência serão feitos com informações mais detalhadas sobre as vítimas, incluindo idade, escolaridade, profissão, raça ou cor e condições socioeconômicas. A iniciativa faz parte da criação do Observatório Estadual da Mulher contra a Violência, instituído por meio de lei publicada no Diário Oficial.
A proposta surge para enfrentar um desafio que se arrasta há anos: a falta de dados consolidados sobre quem são as mulheres mais vulneráveis e em quais contextos a violência ocorre. Atualmente, informações importantes estão dispersas entre delegacias, setores de saúde, assistência social e órgãos do Judiciário, o que dificulta a identificação de padrões e a formulação de políticas públicas mais eficientes.
Com a nova legislação, o conceito de violência também se amplia. Além das agressões físicas, passam a ser monitoradas outras formas muitas vezes silenciosas, como violência psicológica, moral, patrimonial, institucional, política, importunação sexual e perseguição. A expectativa é que o estado consiga enxergar mais claramente situações que antecedem casos graves, como os feminicídios.
O Observatório terá a função de reunir dados de diferentes serviços, cruzar informações, produzir relatórios periódicos e apontar tendências e perfis de risco. Os levantamentos serão divulgados a cada seis meses, permitindo que a rede de proteção e a sociedade acompanhem a evolução dos índices. Especialistas destacam que conhecer o perfil das vítimas é essencial para prevenir novos casos e direcionar políticas para os grupos mais afetados.
A criação do Observatório se soma ao cenário de alerta: somente este ano, mais de 100 mil mulheres foram vítimas de violência doméstica em Minas Gerais, segundo dados apresentados na reportagem.
Foto: TV Globo / Reprodução
Fonte: g1 Minas















