Ao passo em que vive um cenário de desemprego recorde, com 14,7% da população economicamente ativa fora do mercado de trabalho, o Brasil registra um boom na demanda por mão de obra qualificada nas áreas de Tecnologia da Informação e Comunicação (TIC) e em outras que exigem mais formação. Com 5.004 novos postos de trabalho entre janeiro e abril deste ano, Minas registra o maior crescimento do país.
O aumento no Estado, segundo dados do Monitor de Empregos e Salários da Associação das Empresas de Tecnologia da Informação e Comunicação (TIC) e de Tecnologias Digitais (Brasscom), foi de 6,5% em relação ao total de vagas ocupadas no ano passado. Isso corresponde a 8,8% dos empregos do setor.
Em todo o país, revela a Brasscom, o macrossetor de TIC foi responsável por 69.048 contratações, de janeiro a abril deste ano. Ao longo de 2020, houve 10 mil admissões a menos.
A remuneração média do setor em Minas (R$ 3.073) é a sétima maior do Brasil – uma posição a mais que no ano passado, quando o Estado estava em oitavo, informa ainda a entidade.
A Brasscom já vinha alertando que, entre 2018 e 2024, o país ofereceria demanda por 420 mil profissionais nesse macrossetor, o que representa cerca de 70 mil vagas a serem preenchidas anualmente. O estudo “Persona Ti – Caracterização do Profissional de TI no Brasil”, feito pelo Observatório Softex, complementa que 62% desses postos de trabalho estão nos estados de São Paulo, Rio de Janeiro e Minas Gerais.
Caso não haja mudanças que estimulem a qualificação de recursos humanos no país, adverte a Brasscom, o mercado de TIC amargará déficit de 260 mil profissionais até 2024.
A Confederação Nacional da Indústria divulgou estudos sobre um possível apagão de mão de obra no país, diz o gerente de Educação e Tecnologia da Federação das Indústrias de Minas Gerais (Fiemg), Ricardo Aloysio. Um dos agravantes para esse risco, reitera, é que só 8% dos jovens brasileiros buscam uma carreira de Ensino Profissionalizante Tecnológico, contra 30% nos países industrializados.
Infelizmente, a história nos conta de países que fizeram essa opção de não investir na qualificação de mão de obra, e isso significou escolher o suicídio, em vários aspectos”, alerta o doutor em Demografia Mário Rodarte, professor de História Econômica na UFMG. “Se a indústria se amesquinhar mais, onde vai ter emprego para alimentar 210 milhões de pessoas?”, questiona.
“É preciso investir em uma interação maior entre empresas e universidades, para a troca de tecnologia, e as empresas ficariam com esse papel da finalização da formação do trabalhador”, recomenda.
Fiemg anuncia nova unidade de formação em TI para a capital
Antenada com este cenário, a Fiemg, que inaugurou, há pouco mais de uma semana, o Centro de Treinamento e Desenvolvimento da Indústria 4.0, em Contagem, Região Metropolitana de BH, anuncia para este semestre a abertura de uma unidade dedicada exclusivamente a formar profissionais de TI em Belo Horizonte.
O gerente de Educação e Tecnologia da Fiemg, Ricardo Aloysio, pondera que, entre os fatores que impactam nessa dicotomia – de o país ter chegado à taxa recorde de 14,7% de desemprego, ao mesmo tempo em que há uma infinidade de vagas a serem preenchidas – está essa criação de novas profissões, como analista de IOT (internet das coisas), operador e programador de robô colaborativo, analista de big data, digitalizador industrial, entre outras.