No dia Nacional da Adoção, celebrado nesta quarta-feira (25), um dado preocupa o estado: Minas Gerais é o segundo com maior número de crianças e adolescentes em abrigos, ficando atrás apenas de São Paulo. Outro dado estarrecedor é que o estado mineiro só conseguiu adotar, entre os anos de 2019 e 2022, um total de 749 vidas em um universo de quase 11 mil pelo Brasil.
A avaliação é feita pela administradora Maria Vânia Medeiros, consultora da Colmeia, que é a Unidade de Acolhimento de adolescentes e grávidas com filhos e crianças de até sete anos; em entrevista à repórter Camila Campos. “Em Minas Gerais, diferente do que acontece em estados como Pernambuco, por exemplo, não é permitido a divulgação de fotos das crianças acolhidas e que já estejam disponíveis pra adoção”, processo esse que, na avaliação da Maria Vânia, dificulta a adoção.
Na justiça mineira a prevalência é para que as crianças fiquem com os pais biológicos, outro fator que na avaliação da consultora prejudica o processo de adoção. “Infelizmente sim, mesmo sabendo que muitas vezes esses pais biológicos não dão conta. Com isso, o tempo vai passando e a criança vai crescendo no abrigo. Infelizmente a família, com todo respeito a algumas, faz uma espécie de maquiagem. Eles voltam pra mesma vulnerabilidade. Aqui na Colmeia, por exemplo, nós temos crianças que estão aqui pela segunda vez.”
Nos últimos anos as adoções em Minas tiveram uma queda brusca. “Minas, por exemplo, não adota grupo de irmãos. Quando você vê uma família que adotou um grupo de irmãos, esse grupo foi buscado no estado de Pernambuco, por exemplo.”
Segundo a representante da Colméia, em Belo Horizonte, o número de pessoas aguardando na fila entre casais heterossexuais, homoafetivos ou até mesmo pessoas solteiras passa de 4 mil e a preferência é para crianças abaixo de três ou dois anos, brancas e com a saúde em dia.
“O Brasil é um país de colonização africana. Então, a maioria da população é pardopreta. E alguns casais ainda insistem que a criança tem que ter pele branca, cabelo liso. E não é essa a realidade dos abrigamentos pelo interior de Minas.”
Fonte: Itatiaia.